VOCAÇÃO

Diácono José Ricardo: “Ele devolveu minha vida”

Seguimos nossa série “Novos Padres para a Igreja”, e hoje vamos conhecer os caminhos de Deus na vida do diácono Ricardo

Entre as vias escolhidas por Deus para chegar até um coração e atraí-lo a uma vocação está o chamado direto, quase aos modos de Mateus, que ouviu de Cristo o famoso: “Vem e segue-me”. E é um convite assim a primeira recordação do diácono Ricardo ao falar sobre seu chamado vocacional.

Diácono José Ricardo durante Ordenação Diaconal – Santuário do Pai das Misericórdias – Fotos: cancaonova.com

Pouco tempo após sua experiência com o Espírito Santo, ele participou de uma ordenação sacerdotal. E ali, admirando a concretização de uma vocação ao sacerdócio,  foi visto pelo bispo que presidia a celebração. “Entre todos os jovens que estavam também ali, o bispo veio e bateu no meu rosto com afeto e disse: “Meu filho, quando você vai dar sua juventude para Deus? Procure seu bispo para começar um caminho vocacional”. Mas Ricardo nos contou que, mesmo tocado pelo gesto e pelas palavras deste bispo, não teve coragem de dar continuidade a um caminho vocacional, mas guardou tudo no coração.

E foi um momento de crise na saúde o que ajudou a retomar essa experiência de chamado. Ricardo nos disse que sofreu três paradas cardíacas, e chegou a ser desenganado pelo médico. Momento em que sua mãe pediu a Deus o milagre da vida, e o consagrou a Jesus e a Maria. 

Após esta fase, ele disse ter retornado às atividades da Igreja, e que foi surpreendido com o contato dos Franciscanos de Brasília, que o procuraram após terem encontrado uma carta que Ricardo tinha enviado a eles há uns 10 anos. Na carta, ele dizia de sua admiração pelo trabalho deles, e os franciscanos o convidaram para uma visita à missão, em Brasília, e para uma experiência vocacional. 

Uma viagem que Ricardo nos contou ter sido o momento de acolhida deste chamado que já tinha ouvido do próprio Deus. “Eu cheguei em Brasília de madrugada, e os freis me levaram para a casa deles. Fiquei em um quarto bem simples, tinha uma cama e um crucifixo. E de uma pequena janela eu vi o nascer do sol. Os raios entravam no meu quarto, e eu me ajoelhei, debruçando-me sobre a cama. Ali, eu rezei e chorei muito. Eu fui vendo que, de fato, era chamado de Deus. E eu dormi desse jeito, abandonado neste desejo de ser todo de Deus”. 

Sobre este dia, Ricardo ainda contou que, enquanto rezava, recordava-se da Misericórdia de Deus que o tinha preservado da morte. “Esse momento foi também de recordar e agradecer pela vida. E eu fui me lembrando dos momentos que Deus entregou a minha vida para que eu governasse, e eu só fiz besteira. E ali eu fui aceitando todo este chamado de Deus.”

Embora a experiência de uma semana com os franciscanos tenha sido importante, especialmente pelo acolhimento do chamado ao sacerdócio, Ricardo nos contou que foi embora sabendo que tinha uma vocação, mas que não era ali o seu lugar. Procurou também o seminário da diocese, trilhou um caminho de discernimento e chegou a ser convidado pelo reitor para ingressar diretamente na teologia, pois já havia completado outra graduação. Mas ao se aconselhar com o bispo, entendeu que sua vocação precisaria ser processual, sem pular nenhuma etapa.  

Na busca contínua pela amizade com Deus e pela concretização deste chamado, Ricardo seguiu sua caminhada, indo todos os dias à missa, rezando o rosário, cultivando uma experiência com a Palavra de Deus. E foi assim que uma colega de trabalho, que fazia caminho vocacional com a Canção Nova, o percebeu e o convidou para se aproximar das atividades da comunidade. Ricardo disse que já conhecia um pouco a Canção Nova, especialmente os livros do padre Jonas, que o tinham ajudado muito no início da caminhada. E recordou que, neste tempo, participou de vários encontros, até mesmo com a presença do Monsenhor, que falava, na ocasião, sobre chamado vocacional. Mas afirmou que foi através de uma pregação que sua amiga colocou no seu MP4 que tomou a decisão de escrever para o vocacional.  “A pregação era da Verinha (Vera Lúcia Reis), e ela dizia que entre eu e Deus, prevalecia a vontade de Deus; entre eu e meus medos, a vontade de Deus. Aquilo foi entrando no meu coração, e eu comecei  a chorar. E quando ela falou do dia a dia da comunidade, eu fui entendendo que era ali.”

Ricardo mandou uma carta para o vocacional, pedindo para entrar no seminário, e foi chamado para o primeiro encontro, que aconteceu em Queluz (SP). Lá, um outro fato marcou sua trajetória. No momento de adoração, teve uma visualização de dois anjos que conduziam uma pessoa, segurando-a pelos braços. E Ricardo disse que, quando saiu da capela, recebeu a notícia de que sua avó havia falecido. Um momento de dor, mas também de tomar uma decisão sobre ir ou não. E na escolha por pedir ajuda, conversou com o padre Edmilson, que, com um sorriso no rosto, afirmou: “Meu filho, alegre-se! Você ganhou uma intercessora no céu!”.  Disse que, a princípio, achou aquela frase uma loucura, mas depois a entendeu como a própria voz de Deus. 

Ordenação diaconal – Santuário do Pai das Misericórdias – Fotos: cancaonova.com

Mas foi ali, num momento de partilha e fraternidade, que decidiu permanecer no encontro até o fim. A partir dessa decisão, Ricardo nos disse que Deus foi novamente ao seu encontro com uma experiência que se tornou determinante para sua caminhada. “Quando estava no ônibus, indo para a casa, uma mulher tocou no meu ombro e disse que Deus tinha incomodado o coração dela para me parabenizar pela minha escolha, e disse que estaria no centro de evangelização no dia da minha ordenação para contemplar esta graça”. Emocionado ao recordar este encontro, o diácono disse que seu coração acelera ao pensar que, agora, está chegando este dia falado por aquela mulher desconhecida, e que ele sonha reencontrá-la. 

Já na casa de uma tia, na visita que fez após a morte da sua avó, entendeu a frase do padre Edmilson. “Ela me disse que minha avó, após eu ter contado que faria caminho vocacional e que queria ser padre, disse que já podia morrer em paz, porque a oração dela tinha sido ouvida. E aí eu entendi que minha avó já rezava por minha vocação aqui, e agora eu tinha ganhado uma intercessora no céu.” 

Formação 

O diácono Ricardo deu os passos, entrou para a Canção Nova, e depois para o seminário, dentro da comunidade. Um tempo, segundo ele, de formação intensa, mas necessária. “As provas que passamos neste tempo são muito importantes. O ouro é forjado no fogo para chegar a sua beleza. E é assim também nossa vocação sacerdotal. A Igreja se coloca à disposição, dando-nos diversos meios, como formadores, psicólogos, a própria comunidade. E nós devemos levar isso bem a sério, avaliando-nos sempre, para respondermos bem a este chamado. 

Lema

E na escolha do lema, a gratidão pelo dom da vida não poderia estar de fora. Como uma resposta ao amor que o salvou, o diácono Ricardo afirma ter escolhido seu lema pensando em Cristo, como fonte de vida, e no seu desejo de ser também, através da graça de seu ministério, este local onde se encontra vida nova. “Eu escolhi a passagem bíblica: ‘Eu vim para que tenham vida’. Quando Deus me chamou eu estava sem vida, perdido, e ele não me obrigou, mas me atraiu a Ele e devolveu minha vida. E ordenado, como persona Christi, desejo que todos que se aproximarem do meu ministério possam também viver essa experiência de ter a vida transformada. Que eu seja o rosto da misericórdia para essas pessoas que, assim como eu,  ouviram essa mensagem de amor e se deixaram ser transformadas por ela”.  

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Saiba mais: 

Dia – 12 de junho de 2022
Hora: 9h30
Local: Santuário do Pai das Misericórdias – Canção Nova
Celebrante: Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias – Bispo de Lorena (SP) 

Ficha Técnica 

Diácono Diácono José Ricardo Rezende nasceu, no dia 19/04/1985, em São Paulo (SP). É membro da Associação Internacional Privada de Fiéis – Comunidade Canção Nova desde 2012 no modo de compromisso do Núcleo.  Foi ordenado Diácono no dia 12/12/2021, no Santuário do Pai das Misericórdias.


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