Ao longo dos evangelhos, encontramos Jesus que se compadece com o sofrimento humano e cura a muitos: a sogra de Simão que estava de cama, com febre; os doentes que eram possuídos pelo demônio; o leproso; o homem com a mão seca; o paralítico; a mulher que padecia hemorragias.
“Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole.Levaram então a Jesus um homem surdo e que falava com dificuldade, e pediram que Jesus pusesse a mão sobre ele. Jesus se afastou com o homem para longe da multidão; em seguida pôs os dedos no ouvido do homem, cuspiu e com a sua saliva tocou a língua dele. Depois olhou para o céu, suspirou e disse: «Efatá!», que quer dizer: «Abra-se!» Imediatamente os ouvidos do homem se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. Jesus recomendou com insistência que não contassem nada a ninguém. No entanto, quanto mais ele recomendava, mais eles pregavam. Estavam muito impressionados e diziam: «Jesus faz bem todas as coisas. Faz os surdos ouvirem e os mudos falarem” (Marcos 7,32-37).
O homem tinha duas limitações: era surdo e falava com dificuldade. Ouvir e falar são dois aspectos essenciais da comunicação. Ele é levado até aquele que “faz os surdos ouvirem e os mudos falarem”. Jesus dá uma ordem: “Efatá“, que quer dizer abre-te-. Penso que não são apenas os ouvidos e a boca daquele homem que estão fechados, mas ele mesmo. A doença física o levou a cortar a comunicação com as pessoas, com o mundo. Ele não foi até Jesus, mas foi levado pelas pessoas.
O evangelho é atual! E o trazendo para nossa realidade de hoje, há muitas coisas que podem causar nossa surdez como as falsas ideologias, que vão entrando sutilmente dentro de nós e, aos poucos, já estamos tão envolvidos com isso que acabamos surdos para a verdade do evangelho. Conheço um jovem que era envolvido nos afazeres da paróquia, frequentava os retiros espirituais, veio de uma base católica e, por curiosidade, foi se deixando envolver por uma seita e, aos poucos, foi deixando Deus de lado. Hoje, ela está completamente entregue à escravidão que a seita exige, além disso, não professa mais a fé no Deus único e verdadeiro. Aos poucos, acabamos assumindo o que a sociedade diz “ a verdade é relativa!”. Não! Para nós, católicos, a verdade é só uma e tem nome: Jesus.
Quanta surdez há em nós: os pais são surdos quando não entendem que a rebeldia dos filhos, muitas vezes, esconde um grito de atenção e de amor. Um marido é surdo quando não sabe ver no nervosismo de sua mulher um pedido de ajuda e apoio em meio ao cansaço de ter que dar conta das tarefas de casa e da educação dos filhos. Os filhos são surdos quando agem com indiferença em relação aos pais, quando os julgam sem conhecer a história de vida deles, quando moram com os pais, mas já não vivem com eles. Quantas vezes nos fazemos de surdos com Deus, vamos atrás d’Ele quando estamos sofrendo e precisando de um milagre e, depois que conseguimos, vamos embora, somos indiferentes. E, por estarmos mudos, nos fechamos em nós mesmos, em um silêncio que, ao invés de ser fecundo, é cheio de mágoa, rancor ou orgulho.
Hoje, o Pai das Misericórdias faz um convite: nos convida a nos afastarmos da multidão e estarmos com Ele, para que nossos ouvidos sejam purificados de todo mal. Eu não sei o que você ouviu que te fez se afastar da verdade, talvez, você se encontre magoado com alguém que te feriu com “palavras” ou você perdeu a vontade de se comunicar e está se escondendo dentro de um quarto, então, traz um sentimento de morte, como se sua vida perdesse o sentido. Assim como Jesus viu aquele homem e o libertou, o Pai deseja fazer o mesmo com você. Ele quer curar a sua surdez e te devolver a comunicação com Ele, com as pessoas, com o mundo. Fale para Ele como você se sente hoje, de suas mágoas, decepções, frustrações… Faça como a criança que, em meio às dificuldades, quedas e dores, corre para os braços do pai e conta tudo a Ele. O Pai das Misericórdias já está de braços abertos e com um sorriso amoroso esperando você. É só correr para o abraço.
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Edcleide Campos
@edcleidecn
Comunidade Canção nova