E AÍ?

The Chosen: O que eu faço é minha vocação?

Ser escolhido vai além de aptidão, tem a ver com existência e sentido da vida

“A nossa vocação é mais do que nossa profissão, mais do aquilo que fazemos”, disse Jesus, personagem interpretado por Jonathan Roumie na série norte-americana The Chosen (O Escolhido). Não tenho costume de acompanhar séries, mas essa obra tem me atraído, ajudado na espiritualidade e enriquecido o diálogo em casa. Considerei pertinente trazer esta abordagem para refletirmos neste mês que a Igreja, aqui no Brasil, dedica às vocações. Uma tradição iniciada em 1981, quando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) instituiu agosto como o Mês Vocacional. Desde então, a cada domingo se celebram as vocações sacerdotais, matrimoniais, religiosas e leigas.

A realização da vontade de Deus está na oração ensinada pelo próprio Cristo: “seja feita a vossa vontade” (cfr. Mt 6,7 ss). De acordo com o franciscano Matteo Munari, acolher a Deus em nossa vida, como Pai e como rei, leva a reconhecer que em sua vontade está a nossa alegria e em sua guia o caminho que nos leva à vida. O cumprimento da vontade divina envolve a nós e ao próprio Deus. Sozinhos não podemos fazer nada; e o Pai, que tudo poderia fazer sozinho, escolheu agir, por meio de nós, para nos fazer crescer na fé, na esperança e no amor. 

“A realização da vontade de Deus está na oração ensinada pelo próprio Cristo: “seja feita a vossa vontade” | Divulgação: The Chosen

Voltando ao The Chosen, mas sem querer dar spoiler na série disponível gratuitamente na internet, se observa o impacto do encontro entre Jesus e os personagens bíblicos como Maria Madalena, Mateus, Nicodemos, Pedro e André. Pessoas de diferentes profissões e status social, mas, ao se depararem com os gestos de Cristo, tiveram seu dia a dia transformado, potencializando as suas qualidades, superando as limitações. A humanidade de cada personagem é evidenciada, apontando que os escolhidos de Deus vivem uma transformação muito maior do que imaginamos.

A palavra vocação vem do latim e significa “chamado”. Deus atrai seus escolhidos para Si.

Tantas pessoas vivem essa inquietação sobre a vocação. Muitos se debruçam sobre testes vocacionais, e isso também pode ser uma ajuda na descoberta da vocação profissional. Porém, tratando-se de chamado cristão, devemos buscar o discernimento. E, para isso, é necessária a oração, uma relação de intimidade com Deus.

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O primeiro chamado de todo cristão é a santidade. Imprimir a marca de Deus em suas ações. Pessoas que, no exercício de sua profissão, tornam-se sal da terra e luz do mundo. Trabalhadores que professam a sua fé e dão testemunho cristão, por meio de suas ações mais do que por palavras. Em relação ao estado de vida, implica não apenas uma aptidão, mas diz respeito a algo mais profundo. Tem a ver com existência e sentido da vida. Envolve físico, psíquico e espiritual. Há aqueles chamados ao matrimônio, à vida religiosa, ao sacerdócio, à contemplação ou à ação, numa intensa vida missionária em países distantes. 

A respeito do plano de Deus para cada um, Joseph Ratzinger afirma: “Os projetos de Deus são maiores que nossas expectativas”. Ele acrescenta ainda que: para descobrir o projeto de vida que nos torna plenamente felizes, é necessário colocar-se à escuta de Deus, que tem um desígnio de amor sobre cada um: “com confiança, pergunte: ‘Senhor, qual é o teu desígnio de Criador e Pai sobre a minha vida? Qual é a tua vontade? Desejo cumpri-la’. Esteja certo de que lhe responderá. Não tenha medo da sua resposta! ‘Deus é maior que os nossos corações e conhece tudo’ (1 Jo 3, 20)! Vem e segue-me!”.

 

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