Será o fim do mundo?
Sempre que nosso mundo é atingido por alguma situação calamitosa, de cunho natural (tempestades, tsunamis, terremotos, pandemias) ou de cunho humano (guerras, crises alimentares ou sanitárias, abalos econômicos) surgem discursos apocalípticos sobre o “fim do mundo”, e muitas pessoas instrumentalizam o terror então gerado para fazer proselitismo, ou seja, angariar fiéis para os seus credos e denominações.
Esse sentimento está vívido em nosso tempo, por ocasião desta pandemia sem precedentes na modernidade, originada pela Covid-19, da família dos coronavírus. Mas o que o Magistério da Igreja nos ensina sobre o fim dos tempos, chamado teologicamente de escatologia? Vamos fazer um caminho didático quanto a essa temática.
A primeira coisa a dizer, enfaticamente, é que o mundo, nosso mundo, nosso planeta vai sim acabar. A finitude de nosso planeta é comprovada cientificamente por várias vias: o esfriamento do sol, a colisão de um corpo celeste, aquecimento ou esfriamento. Mas, apesar de uma verdade científica, não é essa a verdade de fé que nos move, pois não cremos no fim do mundo, e sim no fim dos tempos, e entre esse e aquele há uma distância abissal.
Por fim dos tempos, entendemos a Segunda Vinda de Cristo, o retorno de Jesus em seu trono de glória, o advento messiânico, a prevalência da Jerusalém Celeste, o cumprimento da promessa.
Houve um tempo em que nós, católicos, achávamos que a Segunda Vinda de Cristo, o final dos tempos era um discurso exclusivo dos protestantes, usado com muita eficácia para a conversão de novos membros, por meio do medo do inferno. Ledo engano! A Parusia é uma verdade de fé católica. Confiramos no Catecismo da Igreja Católica – CIC, em seu número 675, onde se enfatiza a tribulação porque terá de passar a Igreja Católica: “Antes da vinda de Cristo, a Igreja deverá passar por uma prova final, que abalará a fé de numerosos crentes. A perseguição, que acompanha a sua peregrinação na Terra, porá a descoberto o «mistério da iniquidade», sob a forma duma impostura religiosa, que trará aos homens uma solução aparente para os seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A suprema impostura religiosa é a do Anticristo, isto é, dum pseudo-messianismo em que o homem se glorifica a si mesmo, substituindo-se a Deus e ao Messias Encarnado”.
Ou como ainda nos indica a Sagrada Escritura, em Marcos 5, 7-19: “Quando ouvirdes falar em guerras e de rumores de guerra, não temais; porque é necessário que estas coisas aconteçam, mas não será ainda o fim. Irão levantar-se nação contra nação e reino contra reino; e haverá terremotos em diversos lugares, e fome. Isto será o princípio das dores. Porque naqueles dias haverá tribulações tais, como não as houve desde o princípio do mundo que Deus criou até agora, nem haverá jamais. Se o Senhor não tivesse abreviado aqueles dias, ninguém se salvaria, mas Ele abreviou em atenção aos eleitos que escolheu”.
Portanto, meu irmão fiel católico, cultivemos em nosso coração a expectativa do Senhor que vem. Não pelo medo do fim, mas pela alegria do reencontro. O Senhor nos diz: “Ora, quanto àquele dia ou hora, ninguém tem conhecimento, nem os anjos do céu, nem mesmo o Filho, somente o Pai” (Mc 13,32). Torna-se, assim, uma oportunidade ímpar para mergulharmos na presença de Deus, cultivar uma intimidade com Ele e uma saudade do céu, de modo que ansiamos por Ele mais do que por tudo.
Não nos amedrontemos com as dores deste tempo que passamos, mas aproveitemos o que ele nos oportuniza para ouvir a voz de Deus, que grita: “Convertei-vos”, “O Reino de Deus está próximo”. E a proximidade do reino não deve, não pode nos atemorizar, e sim alegrar. A Igreja diz: Vem Senhor Jesus! Que a santidade da nossa vida, apresse o Senhor, Ele logo virá!
“Não sois inocentes se, com o silêncio, permites a perdição de quem avisado poderia salvar-se” (Santo Agostinho).
Deus nos abençoe!
Christian Moreira
Missionário da Com. Canção Nova