PADRE WAGNER FERREIRA

Tempo do Advento: qual a razão da nossa esperança?

Começo nossa reflexão com as seguintes perguntas: O que temos esperado? Que expectativas temos em relação ao futuro? Tem sentido esperar algo bom do amanhã? Muitas reflexões já foram feitas sobre a esperança, seja do ponto de vista filosófico, como também teológico, poético, sociológico. Tais reflexões, de alguma forma, procuraram dar respostas às perguntas apresentadas.

:: Tempo de esperança no Senhor que veio e que vem

A fé cristã tem uma resposta à esperança do coração humano, e essa resposta tem como fundamento a pessoa de Jesus Cristo. Eis a razão da nossa esperança: o Salvador Jesus, que nos dá acesso ao Reino de Deus aqui e agora, garantindo aos que creem n’Ele uma eternidade de bem-aventurança.

“Vem, Senhor Jesus!” | Foto ilustrativa: Marketing CN

Do ponto de vista litúrgico, existe um tempo no qual o tema da esperança é bem recorrente: Advento. Qual a importância do Advento para os fiéis católicos? No Advento, celebra-se o mistério de Cristo, recordando sua primeira vinda à humanidade, ou seja, o mistério da encarnação (Natal), e, ao mesmo tempo, anuncia-se Sua vinda em glória, o mistério da parusia. Cristo veio uma primeira vez para trazer a salvação à humanidade, e virá em glória para estabelecer definitivamente o Reino de Deus em nossa história.

O tempo do Advento é basicamente dividido em 2 partes: a primeira inicia-se com as vésperas do 1º domingo do Advento e vai até o dia 16 de dezembro. Os dias de 17 a 24 de dezembro constituem a segunda parte do Advento, na qual a Igreja vive uma preparação mais direta para celebrar o Natal do Senhor.

Uma coisa importante a fazer neste tempo é estar atentos aos personagens propostos pelas leituras da Santa Missa: do Antigo Testamento, o profeta Isaías nos ajudará na expectativa jubilosa da vinda do Messias Salvador, e tudo o que há de acontecer com a humanidade a partir do ingresso do Filho de Deus no tempo e na história humana. Os ensinamentos proféticos de Isaías contribuem muito para alimentar a esperança do povo de Deus a caminho, o qual, por sofrer tribulações, não sabe o que esperar do futuro.

Do Novo Testamento, João Batista entra em cena para nos ajudar no ato de fé tão necessário para reconhecer Jesus como Messias Salvador, pois, no Filho de Deus feito homem, todos verão a salvação de Deus. Por fim, a Palavra de Deus destaca outro personagem do Novo Testamento, que contribuiu de modo singular com a salvação da humanidade: a Virgem Maria, a Mãe do Senhor. Seu sim generoso, alegre, humilde ao plano salvífico de Deus é escola de formação para todos aqueles que querem seguir Jesus e proclamá-lo como o único Salvador.

Pela fé em Cristo Jesus, Aquele que vem, nossa esperança é alimentada, pois, mesmo quando passamos por dificuldades, temos a convicção de que Deus está conosco. A fé nos dá a certeza de que também as tribulações contribuem para uma comunhão mais firme com o Reino de Deus. Alimentados pelo dom da esperança, somos também motivados a ser esperança aos sofredores, aos que, de alguma forma, não esperam nada de bom do amanhã. Os gestos concretos de misericórdia, como sempre nos motiva o Papa Francisco, são raios de esperança que iluminam as trevas do medo, do desespero, da indiferença, de modo que como humanidade possamos juntos suplicar: Vem, Senhor Jesus!

Padre Wagner Ferreira da Silva
Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias

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