A vivência do Sacramento da Penitência é de longa data na história da humanidade. Há séculos, os fiéis dirigem-se aos confessionários para que obtenham a absolvição pelos próprios pecados e para que se aproximem da salvação. Acontece que, por muito tempo, essa reconciliação, que é amor e misericórdia, era vista como um terrível castigo.
Deparar-se com os próprios erros é sempre desafiador. É desconcertante e desconfortável. Primeiro, é humilhante tentar ser melhor e continuar a cair. Depois, existe um certo medo da correção e das consequências. O ser humano é educado, muitas vezes, tendo em vista os seus erros – duramente punidos e acertos – consideravelmente aplaudidos.
Se o mundo imperfeito vê assim, como então poderia o único Perfeito por excelência ver os pecados de forma diferente? E como poderia o homem não esperar punição diante deles?
É preciso sempre voltar o olhar para o Cristo: o modo como Ele tratou e amou cada ser humano pelo qual passou. Isso muda tudo. Sabendo que Cristo ama o pecador e perdoa sinceramente os pecados, dirigir-se ao confessionário diz de submeter-se ao amor e ao perdão.
Aprendi, na caminhada na Igreja, que os padres confessam os fiéis em persona christi, ou seja, é o próprio Cristo quem ouve, ama, tem misericórdia e absolve os pecados. Desde então, não me dirijo a um confessionário sem a oração: “Senhor, que eu enxergue, no rosto do padre, a Tua face!”. E não me recordo de uma vez sequer que meu pedido não tenha sido atendido.
É triste carregar em si o mesmo sentimento que perdurou em muitos corações: o castigo como fim da confissão. Foi o Cristo mesmo quem instituiu este Sacramento (Jo 20,21-23) como prerrogativa para continuar a nos salvar. Repetidas vezes, quantas fossem necessárias para que estivéssemos junto d’Ele no fim.
É preciso acreditar que dentro de cada confessionário encontra-se a face de Jesus escondida na feição do sacerdote como um tesouro invisível à visão humana. O olhar que cura. A voz da esperança. As mãos que dão vida nova. E por fim, como autor de toda essa obra de misericórdia, o Pai que espera ansioso a volta de seus filhos pródigos. “Quem me vê, vê o Pai.” (Jo 14, 9)
Por isso, não tema ser castigado, punido ou rejeitado. Dirija-se a um confessionário e abra-se ao amor, ao perdão, ao acolhimento de Deus. Também e prementemente: esteja de coração escancarado à vida nova, “a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes, filhos de Deus íntegros” (Fil 2,15).
Catarina Xavier
Comunidade Canção Nova