OLHA A DICA:

Ser discreto nas práticas quaresmais

No tempo em que o povo de Deus vivia uma calamidade por conta do insucesso na colheita, o profeta alertou sobre a vinda do Messias, dia que estava próximo:

“Ainda assim, agora mesmo diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.
Quem sabe se não se voltará e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, em oferta de alimentos e libação para o Senhor vosso Deus? Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembléia solene.
Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai as crianças, e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu aposento. Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que os gentios o dominem; por que diriam entre os povos: Onde está o seu Deus? Então o Senhor se mostrou zeloso da sua terra, e compadeceu-se do seu povo.”(Jl 2,12-18).

A mudança de algo natural chamava o povo de Deus a buscar o sobrenatural. Pois, o Senhor estava próximo, por isso, deveriam se converter.

Deus exortava através do profeta Joel a rasgar o coração e não as vestes, o Senhor chama-nos a Ele, pois é compassivo, paciente, misericordioso e inclinado a perdoar o castigo. O tempo em que vivemos é o tempo de nos voltarmos a Ele sem medo, Ele é misericórdia! Voltemos a Ele, voltemos quando? “Agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6,2).

Voltar para Ele e voltar hoje é o passo que precisamos dar para alcançarmos o céu, de maneira especial neste tempo quaresmal a Igreja nos ensina através das práticas penitenciais. No Evangelho, Jesus deu orientações bem práticas de como viver as práticas penitenciais da esmola, da oração e do jejum (Mt 6,1-6.16-18).

Nas três práticas Jesus pediu discrição:

Discrição na esmola

Ninguém precisa saber, somente o Pai, a recompensa virá d’Ele, pois a recompensa humana através de um elogio pode nos levar à ruína, o elogio humano pode nos levar a perdição do orgulho.

Discrição na oração

Não se reza para mostrar a alguém, mas se reza para estar em comunhão com Deus. Jesus chamou atenção daqueles que encenavam alguma oração, não adiantava a voz alta com a intenção baixa ou sem intenção, não adiantava a postura física em ordem quando a postura interior nem sabia o que dizer ao Senhor.

Discrição no jejum

Nem o rosto nem a fala precisa revelar que se jejua, mas trata-se de uma prática interior que freia os instintos, que doma o homem velho.

“A mudança de algo natural chamava o povo de Deus a buscar o sobrenatural”

Cristão: discrição nas práticas penitenciais! O cristão não deve encenar tais práticas, mas deve viver primeiro interiormente a penitência, interioriza-se a penitência com desejo profundo de mudança e a mudança exterior será consequência.

Se a pessoa internaliza e deseja a mudança já é um passo, o próximo passo se verá nas atitudes. Vamos refletir “O que precisamos deixar de praticar que é mau? O que precisamos praticar de bom?”

Por um lado, temos a parte negativa, então, pensemos: “O que deixar de comer ou beber em demasia? Deixar a indisciplina? Deixar a fofoca? Deixar de alimentar fantasias imorais na mente?”

Agora, vamos para o positivo “O que de bom podemos praticar? Ter horário para as coisas? Falar bem dos irmãos? Alimentar bons pensamentos? Ajudar os pobres?”

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Já Iniciamos a Quaresma com a celebração das cinzas que nos lembram de que somos pó, que somos frágeis, limitados e pecadores. Que, ao lembrarmos que acolhemos as cinzas em nossa cabeça, tomemos novamente a consciência de que não vale a pena o orgulho, a falta de amor e, por outro lado, as cinzas lembram de que somos pó, mas o pó que recebeu o sopro do Senhor passou a ter vida.

Que, nesta Quaresma, o Senhor sopre mais uma vez sobre nós e nos faça homens e mulheres novos!

Padre Márcio Prado
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

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