Ser santo não é não ter defeitos
Em qualquer ambiente onde exista seres humanos, com o passar do tempo, falhas, misérias, tendências tornam-se perceptíveis, e a ilusão de perfeição dá lugar à realidade da qual ninguém nunca escapará: ser homem.
Existe uma ilusão dentro leigos, religiosos, consagrados, seminaristas, padres… Há uma ilusão que define os padrões da santidade de acordo com o que cada um mais admira. Define-se enganosamente ser santo como algo dependente do extraordinário, que lê-se apenas em histórias antigas, contos de explosões sobrenaturais na vida de homens, entretanto, o homem sempre vai ser homem, em qualquer lugar e em qualquer época.
“Ser santo não é ter defeitos. A santidade está em ser imperfeito e vencer-se”. É justamente a capacidade de ser humano que faz de alguém um santo.
Admiramos ordens religiosas austeras, sacerdotes heroicos, monjas penitentes e graças extraordinárias, e, de fato, é o heroísmo que fica marcado nas páginas da história, mas nos esquecemos que essas mesmas ordens, sacerdotes e monjas eram pessoas que adormeciam de cansaço na vigília da madrugada, roíam as unhas de ansiedade, reclamavam de vez em quando de uma coisa ou outra. Esquecemo-nos que essas pessoas eram humanos.
“Ser santo não é ter defeitos. A santidade está em ser imperfeito e vencer-se”.
Aquele que admira e aspira pela santidade corre um grande risco de ser seduzido e gastar todo o seu tempo e esforço na tentativa de deixar de ser homem, mas a verdade é que sempre dependeremos da Misericórdia de Deus e da Compaixão uns dos outros.
Seu filho, esposo, irmão de comunidade, esposa, colega de trabalho, irmão de quarto (você mesmo) vão sempre ser pessoas em processo de recuperação, um longo caminho que se dará enquanto durar sua existência aqui na Terra. Você não está pronto, você não é perfeito e as pessoas que convivem com você também não são. Somos homens, não anjos!
Seu pároco não é um anjo. O padre que faz sucesso no YouTube também não é. Aquela freirinha de 90 anos não é um anjo. Aquele seminarista carinhoso também não é um anjo. Somos humanos e é a capacidade de ser humano que faz de alguém um santo.
Na Cartuxa ou na Canção Nova, no Matrimônio ou no Celibato, no Sacerdócio ou na Vida Monástica, seremos sempre vasos de barro (quebrados) que passarão a vida inteira a ser consertados pelo Oleiro e só estarão prontos quando, enfim, puderem contemplar pessoalmente o Senhor que os consertou.
Kaique Santos
Seminarista da Comunidade Canção Nova
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