O que dizem os especialistas?

Num primeiro momento, o termo “sinótico” pode causar certa estranheza por não ser considerado tão usual. Porém, acredito que o uso dessa palavra é mais comum do que possamos imaginar. Provavelmente, você já tenha ouvido alguém pronunciá-la em algum momento da sua vida e, se ainda não ouviu, certamente ouvirá. Acontece que, quando ouvimos alguma palavra cujo significado seja desconhecido, nossa tendência é tocar a ‘bola pra frente’ e, logo, nos esquecemos dela, especialmente quando ela não afeta o entendimento do contexto.

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A partir de agora, quando você estiver lendo algum livro relacionado ao cristianismo, mais especificamente aos Evangelhos, fique atento (!), a palavra “sinótico”, muito possivelmente, aparecerá. É mais comum que surja a expressão “Evangelhos sinóticos”. Em suma, o termo “sinótico” deriva da palavra grega “synopsis” e quer dizer “olhar unitário”. Vemos, portanto, que ela aponta para algo que tenha certa unidade, que sejam parecidos.

Vou dar um exemplo bem simples. Tente imaginar uma mesa, daquelas de plástico, que são usadas em lanchonete. Agora imagine que esta mesa esteja rodeada por três cadeiras, também de plástico, e uma quarta cadeira de madeira. Se alguém pedisse a você para separar estas cadeiras segundo suas semelhanças, certamente você iria colocar de um lado as três cadeiras de plástico, e, de outro, a cadeira de madeira; estou certo?

“Pensemos na riqueza das leituras bíblicas oferecidas pelos três ciclos dominicais que, à luz dos Evangelhos Sinóticos, nos acompanham ao longo do ano litúrgico: uma grande riqueza”| Foto ilustrativa: cancaonova.com

É mais ou menos isso que acontece com os evangelhos sinóticos. Existem quatro evangelhos canônicos, a saber, Mateus, Marcos, Lucas e João. Embora todos eles formem um único Evangelho de Cristo, ou seja, todos eles transmitem a Boa Nova da Salvação, se fizermos uma leitura comparativa e mais criteriosa de cada um deles perceberemos que existem algumas diferenças na redação dos textos evangélicos.

Os especialistas em bíblia, portanto, depois de estudarem os textos dos evangelhos chegaram a conclusão que três desses Evangelhos possuem uma base de escrita muito semelhante, são eles: Mateus, Marcos e Lucas. O quarto Evangelho, o de João, possui uma dinâmica diferenciada dos três primeiros. Assim, todas as vezes que alguém se referir aos “Evangelhos sinóticos”, eles estão se referindo aos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. João não está incluído nos sinóticos.

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Apenas a título de exemplo, quero pegar um trecho de uma audiência geral do dia 31 de janeiro de 2018 em que o Papa Francisco cita essa expressão: “Pensemos na riqueza das leituras bíblicas oferecidas pelos três ciclos dominicais que, à luz dos Evangelhos Sinóticos, nos acompanham ao longo do ano litúrgico: uma grande riqueza”. Ao ler esse trecho, nós já sabemos que o Papa Francisco, muito embora não tenha citado o nome de nenhum Evangelho, está falando dos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas.

A partir de agora, nas suas leituras, fique atento a esse termo. Na próxima vez que ele aparecer, garanto que saltará aos seus olhos.

Deus abençoe você e até a próxima!

Seminarista Gleidson de Souza Carvalho
Missionário da Comunidade Canção Nova