Gostaria de iniciar este texto com as palavras do Papa Francisco, pronunciadas durante o Angelus do dia 30 de dezembro de 2018, a respeito da Sagrada Família:
“Hoje celebramos a festa da Sagrada Família e a liturgia convida-nos a refletir sobre a experiência de Maria, José e Jesus, unidos por um amor imenso e animados por uma grande confiança em Deus […] A Virgem e o seu esposo tinham acolhido aquele Filho, custodiavam-no e viam-no crescer em estatura, sabedoria e graça no meio deles, mas sobretudo Ele crescia dentro do coração deles; e, pouco a pouco, aumentavam o seu afeto e a sua compreensão em relação a ele. Eis por que a família de Nazaré é sagrada: porque estava centrada em Jesus, a Ele dirigiam-se todas as atenções e as solicitudes de Maria e de José.”
A partir deste ensinamento do Santo Padre, é possível compreender que a santidade de uma família passa, necessariamente, por ela estar centrada em Jesus, ou seja, Cristo precisa estar no centro do nosso casamento, da educação que damos aos nossos filhos e assim por diante.
Ao longo desses 22 anos de vida conjugal, eu e a Rosení temos aprendido que uma forte expressão dessa centralidade em Cristo é o viver reconciliado dentro do casamento. Afinal, um casal que se ama e se perdoa, consegue criar um ambiente propício para que Jesus entre em sua casa — a exemplo do que aconteceu com Zaqueu no Evangelho — e traga a salvação para esse lar.
Eu e minha esposa, inclusive, escrevemos um livro a respeito disso, lançado em 2023 pela Editora Canção Nova e intitulado “Reconciliação cansa, mas santifica – Vencendo os conflitos na vida a dois”, esse livro tem gerado maravilhosos testemunhos de restauração nos casamentos.
Acesse também:
::O amor do Pai
::Família: um dom de amor do Pai
::Chamado de Deus: Lançai as redes
Escrevemos esta obra com o intuito de ser uma ajuda salutar para os casais que hoje passam por dificuldades dentro do Matrimônio. Não temos a pretensão de “dar aula” de como se viver bem uma vida a dois… Pelo contrário, neste livro expomos a nossa vida conjugal e não escondemos onde erramos — pois não somos perfeitos —, e buscamos retomar o caminho certo com a Graça de Deus. Creio que, a partir da leitura desse livro, muitos casais foram encontrando luzes e direções do Alto para também fazer sua própria experiência com a força da reconciliação.
Mas gostaria de retomar as palavras do Papa Francisco no início deste texto, no qual ele ensina que a Sagrada Família viveu unida por um amor imenso. Ah! O amor… O amor verdadeiro! Como é importante para o casal viver esse amor de entrega, de doação, de sacrifício! Amor que também se revela numa fidelidade à toda prova.
E posso lhe garantir que esse amor verdadeiro, quando vivido pelo casal, é um eficaz testemunho de santidade para o coração dos filhos. Testemunho que deixa fortes e belas marcas!
No último capítulo do nosso livro, eu e a Rosení propomos aos nossos dois filhos — Jonas e Beatriz —, que escrevessem buscando responder a seguinte pergunta: “O que tenho aprendido com o amor dos meus pais?”.
E aqui trago um trecho do relato de cada um:
Jonas: O que eu tenho aprendido com o amor dos meus pais? Eu tenho aprendido, aos poucos, a amar como Deus nos ama. Seja a minha família, seja a minha namorada, seja aqueles que me são caros e até mesmo aqueles que me fazem o mal (esses com um pouco mais de dificuldade, admito). A todos esses, eu busco sempre (com muitas falhas, é claro) amar da forma como Deus nos ama, pois eu experimentei um reflexo desse amor. No amor dos meus pais, a cada dia, eu consigo experimentar do amor de Deus.
Beatriz: Deixa eu lhe contar uma coisa: o amor não é um simples objeto de admiração, ele precisa ser vivido. Não é fácil, mas é bem mais simples do que parece. Eu sei que Deus nos dá tudo de que precisamos para realizar as nossas missões. Ele me deu meus pais, que às vezes me tiram do sério, mas que me inspiram. Eu ainda não sei amar totalmente, nem sempre consigo sair de mim para chegar ao outro, mas eu nasci para amar e quero aprender com o exemplo deles a tomar essa decisão todos os dias […] O amor nunca vai morrer, ele deixa rastros, deixa um legado. Sabe como eu sei? Eu e meu irmão somos legados do amor dos meus pais. Somos rastros imperfeitos, mas se você olhar no fundo dos nossos olhos, mesmo nos piores dias da nossa vida, você vai encontrar dois bebês dando o mais puro sorriso de quem sabe que o amor existe.
Por fim, peço à Sagrada Família que nos ensine a viver esse amor imenso que nos une como família. Que Jesus, Maria e José, nos mostre que é possível aos esposos se amarem de verdade, e que esse mesmo amor – ao ser cultivado – é “semente de santidade” no coração dos nossos filhos.
Que você e sua família possam começar esse novo ano não com o “pé direito”, e sim dando o “passo certo”: se ainda existem coisas mal resolvidas entre você e seu cônjuge, pare, silencie, reze e depois sim, converse, buscando a reconciliação entre vocês dois e permitindo que seu amor deixe rastros de felicidade no coração de seus filhos.
Um forte abraço!
Alexandre Oliveira
Comunidade Canção Nova