LITURGIA

Devemos voltar à vida comum no tempo comum?

A Igreja é mãe e, como tal, zela pela salvação de seus filhos. Existem vários modos e meios pelos quais ela cumpre sua missão, sendo a liturgia o principal deles. Como bem sabemos, “a liturgia […], sobretudo no sacrifício eucarístico, se atua a obra da nossa redenção, contribui em sumo grau para que os fiéis exprimam na vida e manifestem aos outros o mistério de Cristo e a autêntica natureza da verdadeira Igreja” (Catecismo, 1068). “A liturgia é simultaneamente o cume para o qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde dimana toda a sua força” (Catecismo, 1074).

Essa liturgia é vivida ao longo do ano no que é denominado ano litúrgico. São eles: Tempo do Advento, Tempo do Natal, Tempo da Quaresma, Tempo da Páscoa e Tempo Comum. Tendo nós iniciado o ano litúrgico e passado o Advento e Natal, entraremos no tempo comum.

Foto: Cathopic by @xavilupe

Tempo comum, a própria palavra já nos situa naquilo que viveremos, o comum do dia a dia. A vida humana em si é marcada pelas festas e as grandes comemorações, porém, isso não é o ordinário da vida. Na liturgia não é diferente, existem os tempos fortes, que são as grandes celebrações como Advento, Natal, Quaresma e Páscoa; e depois volto para o cotidiano, que se dá o nome de Tempo Comum.

O que não podemos confundir é Tempo Comum com vida comum, isso não! Como cristãos, somos convidados a imitar Nosso Senhor Jesus Cristo e, portanto, vivermos uma vida nova. São Paulo exorta os cristão de colossos. “Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,1-3).

Somos convidados, no tempo comum, a transformar as coisas ordinárias, tornando-as extraordinárias. Isso é possível quando assumimos seriamente um caminho de conversão. Existirão os tempos fortes, porém, para quem escolheu por Cristo, todo dia será uma nova oportunidade para ser mais santo.

Em suma, no comum no dia a dia, Deus nos chama a permanecer com Ele, entendendo que somos chamados à santidade no cotidiano, no trabalho, na faculdade ou nas conversas com os amigos. Como bem sabemos, nossa vida não é marcada pelo extraordinário, mas sim pelo ordinário. Nesse ordinário, comum, Deus nos convida à perfeição que passa pelas coisas simples da vida.

Tempo comum, sim. Vida comum, não! Todo batizado é motivado a viver a santidade. Portanto, não é possível ser santo escolhendo o comum dos homens. Estamos no mundo, mas não somos do mundo. Vivemos no comum dos homens sem ser comum a eles. Somos diferentes, Deus nos convida a ser sal da terra e luz do mundo.

 

 

 

Sobre Padre Elenildo Pereira

Padre Elenildo Pereira é membro da Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).  Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, Taubaté (SP), e pós-graduando em Bioética pela Faculdade Canção Nova. Autor do livro “Ser humano, obra prima das mãos de Deus”, pela Editora Canção Nova.

 

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