RETIRO DA BOA MORTE

Eu estou pronto para o céu?

“Põe em ordem a tua casa”

Naquele tempo, Ezequias, Rei de Judá, foi atingido por uma enfermidade mortal. Veio o Profeta Isaías, filho de Amós, ter com ele e disse-lhe: “Eis o que diz o Senhor: ‘Põe em ordem a tua casa, porque vais morrer, não sararás’” (2 Rs. 20,1).

“O retiro da boa morte é um exercício espiritual para colocar a nossa vida em ordem.” | Foto ilustrativa: cancaonova.com

Diante desta palavra, somos convidados  a refletir sobre como está a nossa vida. Se estes fossem os seus  últimos dias, você estaria preparado para para o céu? Você estaria preparado para o encontro com Deus? Pare um pouco e reflita. Seja honesto consigo mesmo. Como está a sua vida? O que você precisa colocar em ordem? Para Ezequias, era necessário preparar o seu reinado para a sucessão, já que estavas prestes a morrer.

A Santa Igreja Católica, em sua divina sabedoria, sempre exortou os seus fiéis a se prepararem para a  morte. O Catecismo da Igreja Católica, ao abordar este tema, fala com clareza, no número 1014, da necessidade de estarmos preparados:

“A Igreja exorta-nos a prepararmo-nos para a hora da nossa morte («Duma morte repentina e imprevista, livrai-nos, Senhor»: antiga Ladainha dos Santos), a pedirmos a Mãe de Deus que rogue por nós «na hora da nossa morte» (Oração da Ave-Maria) e a confiarmo-nos a São José, padroeiro da boa morte”:

«Em todos os teus atos, em todos os teus pensamentos, havias de te comportar como se devesses morrer hoje. Se tivesses boa consciência, não terias grande receio da morte. Mais vale evitar o pecado do que fugir da morte. Se hoje não estás preparado, como o estarás amanhã?»

«Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a morte corporal, à qual nenhum homem vivo pode escapar. Ai daqueles que morrem em pecado mortal: Bem-aventurados os que ela encontrar a cumprir as tuas santíssimas vontades, porque a segunda morte não lhes fará mal.» 

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Em seu livro sobre o “Retiro da Boa Morte”, o fundador da Comunidade Canção Nova, padre Jonas Abib,  testemunha que, desde pequeno, foi formado na pedagogia salesiana de Dom Bosco. No colégio Liceu Sagrado Coração de Jesus, em São Paulo, onde estudou, todos os meses viviam um dia penitencial que se chamava ‘retiro da boa morte’, e tinha por finalidade colocar a vida em ordem, como se fosse morrer. 

Em sua experiência, Monsenhor Jonas conta que, todos os meses, na noite anterior ao dia do “retiro da boa morte”, começavam as confissões e, depois, a grande faxina, onde cada um arrumava o seu lugar: a carteira de estudo, o seu lugar no dormitório e o seu armário. Enquanto arrumava tudo, ele pensava: “Se eu morresse hoje, como eu gostaria que as pessoas encontrassem o meu armário, a minha carteira, as minhas coisas?” – Com certeza, nenhum de nós gostaria que as pessoas se surpreendessem com o que encontrassem. Portanto, precisamos estar preparados.

Por meio desta palavra dirigida a Ezequias, Deus está nos conscientizando para a necessidade de estar com a vida em dia. A Palavra de Deus está nos convidando a uma revisão de vida. Se morrêssemos de um dia para o outro, estaríamos preparados? A grande verdade é que, da mesma forma que uma casa, de vez em quando, precisa de uma boa faxina, ou um carro precisa de uma boa revisão, também nós precisamos de um retiro da boa morte para colocar a nossa vida em ordem e, principalmente, nos prepararmos para o nosso encontro com Deus.

Aos salesianos, Dom Bosco estabeleceu o retiro da boa morte como uma prática de piedade, dizendo: “O último dia de cada mês será dia de retiro espiritual; cada um fará o exercício da boa morte pondo em ordem suas coisas espirituais e temporais como se devesse abandonar o mundo e encaminhar-se para a eternidade.”¹

Na Canção Nova, buscamos colocar em prática o que Dom Bosco ensinou aos jovens. O retiro da boa morte consiste em ter em mente a possibilidade iminente da morte. Por essa razão, precisamos estar preparados para o nosso encontro com o Senhor, fazendo, mensalmente, uma boa revisão de vida, pois o segredo para bem viver é estar preparado para morrer. Este era o ensinamento de Santo Afonso Maria de Ligório e São Roberto Belarmino.

O retiro da boa morte é um exercício espiritual para colocar a nossa vida em ordem. É uma grande faxina interior e exterior; material e espiritual. É mais um passo dado no caminho da purificação  e da conversão. Pois, como dizia Santo Agostinho, “o princípio de toda purificação é a humildade com que reconhecemos os nossos pecados.” Portanto, enquanto é tempo, somos convidados por Deus a colocar em ordem a nossa vida.

Que São José, “Padroeiro da Boa Morte”, que teve o privilégio de morrer assistido por Jesus e pela Virgem Maria, interceda por nós.

São José, valei-nos!!!

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