SACRAMENTOS

Meditações sobre o bem da confissão regular

O cristão que quer buscar uma vida interior, ser mais íntimo de Deus e progredir em sua vontade deve buscar a confissão regular para que esteja sempre em estado de graça.

Francisco Faus[1], percebendo o mundo atual e a necessidade da confissão, afirma que “aos católicos que desejam levar a sério a vida espiritual e chegar à maturidade cristã (cf. Ef. 4,13) sempre foi recomendada a prática da confissão frequente[2].

A confissão regular impacta diretamente em nossa vida interior, e alguns julgam desnecessário se confessar de forma regular, pois acham que somente cometeram “faltinhas leves”. Ao contrário destes, São José Maria Escrivá diz “que pena me dás, enquanto não sentires dor dos teus pecados veniais. Porque, até então, não terás começado a ter verdadeira vida interior”[3].

Neste mesmo raciocínio, João Paulo II, em suas alocuções, recorda um ensinamento que a Igreja sempre afirmou: “a confissão renovada periodicamente, chamada de “devoção”, sempre acompanhou, na Igreja, o caminho da santidade”[4].

É um erro muito comum no meio cristão católico pensar que só deveríamos nos confessar se caíssemos em pecados mortais, e assim ficarmos livres deles e poder comungar. O sacerdote da Opus Dei ilustra bem isso afirmando que “quando não têm consciência de pecado grave, dizem: Por que confessar-se? Para que a confissão frequente, mensal, ou até semanal?”[5].

Foto: Confissão – Cathopic by Vytautas Markūnas SDB @VytasSDB

Seria uma falta de amor e respeito para com Deus ir ao encontro de Jesus na Santa Missa

e na comunhão com um coração imerso e carregado de pecados, seja veniais ou mortais.

É preciso o devido preparo, e a confissão é o meio mais eficaz, pois o Catecismo da Igreja Católica afirma que “quem quer receber a Cristo na comunhão eucarística deve estar em estado de graça. Se alguém tem consciência de ter pecado mortalmente, não deve comungar a Eucaristia sem ter recebido previamente a absolvição no sacramento da penitência”[6].

A confissão frequente não é somente para que sejamos perdoados de nosso pecados, mas também que possamos “nos unir a Deus com mais amor, para nos fortalecer e para nos fazer amadurecer”[7].

A Santa Igreja tem uma preocupação muito grande com seus filhos, e busca orientá-los para que todos sejam beneficiados e possam restituir a amizade e a comunhão com Deus quebrada pelos nossos pecados.

O sacramento da confissão é esta ponte entre Deus e o pecador, que nos faz ter a convicção de que “toda a força da Penitência reside no fato de ela nos reconstituir na graça de Deus e de nos unir a Ele com a máxima amizade”[8].

O cristão que não é bem formado em relação ao sacramento da confissão pode cair na tentação que a confissão só apaga os pecados e pronto.

Seria um engano pensar assim, pois, quando pecamos mortalmente, perdemos a graça santificante, ou seja, o estado de graça. Em síntese, a confissão confere ao penitente o perdão dos pecados e restitui a graça santificante (estado de graça)[9].

A confissão feita com frequência dá ao penitente a força para progredir na vontade de Deus e o abandono e aversão total ao pecado, pois “ junto com o perdão, o penitente recebe um especial auxílio divino para fortalecer a alma na luta contra as tentações e evitar cair de novo nos mesmos pecados”[10].

Outro aspecto importante da confissão frequente é que o penitente, após uma confissão feita com o coração contrito e verdadeiro, é concedido a ele, por graça de Deus, segundo Santo Tomás, “um grau mais elevado de graça e caridade do que aquele que tinha antes de cair no pecado grave. Por isso, como é importante confessar-se com frequência e com fervor!”[11].

A pessoa que procura se confessar de forma regular e busca sempre um mesmo confessor gozará de inúmeros benefícios, os quais o ajudarão a ter uma “consciência cada vez melhor formada, saberá distinguir o que é certo do que é errado, o que é grave do que é leve, terá segurança nas suas decisões morais, evitará complicações de consciência”[12].

Essa dinâmica de se confessar frequentemente dará ao penitente um crescimento espiritual tão grande e íntimo com Deus, que essa pessoa viverá um “progresso no caminho do amor de Deus e do próximo, renova-se e descobre novas maneiras de fazer o bem”[13].

Por fim, diante desses muitos exemplos e benefícios que foram elencados, é preciso que tenhamos conhecimento de que “muitos cristãos, por não procurarem essa ajuda da confissão frequente, ficam encalhados nas mesmas faltas e não são “curados” por Cristo”[14].

Diante desses esclarecimentos não podemos mais ter desculpas para não buscar de forma regular o sacramento da confissão, vale a pena ou não vale?

 


Fontes:

[1]Francisco Faus (Francesc Faus), nasceu em Barcelona, Espanha, em 15 de outubro de 1931. É um sacerdote católico integrante da Prelazia da Santa Cruz e Opus Dei, foi ordenado em 1955. De outubro de 1953 até junho de 1955 conviveu em Roma com São Josemaria Escrivá de Balaguer, fundador do Opus Dei. Reside e trabalha em São Paulo desde 1961.

[2]Para estar com Deus: conselhos de vida interior para um católico, Francisco Faus, p. 128.

[3]Caminho, São José Maria Escrivá, n. 330.

[4]O Sacramento da Penitência em sete Alocuções e uma Carta Apostólica do Papa João Paulo II: confissão, instrumento de santidade.

[5]Para estar com Deus: conselhos de vida interior para um católico, Francisco Faus, p.129.

[6]Catecismo da Igreja Católica, n.1415.

[7]Para estar com Deus: conselhos de vida interior para um católico, Francisco Faus, p. 129.

[8]Catecismo da Igreja Católico, n.1468.

[9]Para estar com Deus: conselhos de vida interior para um católico, Francisco Faus, p. 130.

[10]Para estar com Deus: conselhos de vida interior para um católico, Francisco Faus, p. 130.

[11]Para estar com Deus: conselhos de vida interior para um católico, Francisco Faus, p. 130.

[12]Para estar com Deus: conselhos de vida interior para um católico, Francisco Faus, p. 131-132.

[13]Para estar com Deus: conselhos de vida interior para um católico, Francisco Faus, p. 132.

[14]Para estar com Deus: conselhos de vida interior para um católico, Francisco Faus, p. 132.

 

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