Há pessoas que passam por este mundo almejando conquistar grandes coisas, fazem planos de carreira e estipulam metas. E existem também aquelas que não fazem grandes planos, vivem conforme a música: “Deixa a vida me levar”, se entregam à mediocridade da vida, se entregam aos prazeres desmedidos. Esses são dois extremos que possuem algo em comum, ambos desprezam o fato que, mais cedo ou mais tarde, a morte baterá à sua porta e levará a sua alma para o julgamento eterno. E na hora da morte, os diplomas, os títulos de mestre e doutor, os cargos, a boa fama, o dinheiro, os bens materiais, os prazeres sexuais, e tudo o que diz respeito a este mundo, ficará para trás. Não se levará nada na hora da morte, senão a própria vida e o que se fez com ela nesta terra.
:: As distrações durante a oração
No livro “Preparação para a morte”, escrito por Santo Afonso Maria de Ligório, pode-se encontrar meditações profundas sobre a morte e como se preparar para ela. O próprio autor, logo na sua introdução, relata que esta obra será de ajuda para aqueles que desejam um progresso espiritual e querem seguir um caminho de perfeição. Ou seja, a preparação para a morte não se trata de um medo sobre a danação eterna (ainda que seja algo próprio dos iniciantes), mas inicia o homem em um caminho de santificação. Quem se prepara para a morte vive como o Salmista:
“É feliz quem não segue o conselho dos maus,
não anda pelo caminho dos pecadores,
nem toma parte nas reuniões dos zombadores,
mas na Lei do Senhor encontra sua alegria
e nela medita dia e noite.
Ele será como uma árvore plantada à beira do riacho,
que dá fruto no devido tempo.” (Cf. Sl 1, 1-3)
Estaca zero
O primeiro exercício proposto por Santo Afonso é realizar uma confissão geral. E o que seria essa confissão geral? É considerar toda a sua vida, desde a infância (7 anos) até a idade atual e, assim, fazer um bom exame de consciência, a partir do que a Igreja nos ensina sobre o que é pecado mortal.
Para fazer isso, será necessário, além de recordar sobre sua história, também ter clareza sobre o que caracteriza um pecado mortal. Para que uma ação humana seja configurada como pecado mortal, ela deve ter três características: a pessoa deve ter pleno conhecimento sobre o que está para ser feito; deve ser um ato de livre; e deve ir contra os 10 mandamentos da Lei de Deus ou contra os 5 mandamentos da Igreja.
Um breve exemplo: quando eu tinha 7 anos, fui abusado sexualmente por um adolescente de 14 anos. Nesse fato da minha história, eu cometi um ato sexual desordenado, ou seja, é algo de matéria grave, no entanto, eu não tinha pleno conhecimento sobre o que estava fazendo, além disso, fui coagido, portanto, não agi com plena liberdade. Sendo assim, não cometi um pecado grave ou leve. Agora, anos depois, em minha pré-adolescência, passei a consumir pornografia através de revistas, comecei a me masturbar, comecei a “ficar” com as meninas da escola, e tudo isso configura um pecado grave porque tem a matéria grave (pecados contra o sexto e o nono mandamento), e eu tinha conhecimento sobre o que estava fazendo e agi livremente.
Atenção, o pleno conhecimento não significa ter um conhecimento teológico sobre o fato, se fosse assim, somente os teólogos pecariam. Basta que a pessoa identifique a maldade do ato em si. E uma boa forma de identificar isso é levantar algumas perguntas: você faria isso na frente das pessoas ou é preciso fazer escondido? Você sentiria vergonha se fosse descoberto o seu ato? O que você fez, causou mal para você ou para o próximo?
Quais são os meios de se preparar?
A confissão geral é apenas a estaca zero de toda essa preparação, é preciso estabelecer hábitos espirituais:
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Confessar-se ao menos uma vez por semana
Sempre que se comete um pecado grave, é necessário procurar o sacramento da Confissão. As consequências de uma alma em pecado mortal são catastróficas. Não há vida espiritual na alma em pecado mortal. Não permaneça em pecado mortal.
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Fazer exame de consciência todas as noites antes de dormir
O exame de consciência diário irá favorecer para que se tenha uma vida reta e orientada pelos ensinamentos do Senhor. Também irá colaborar para que no momento da Confissão você tenha mais clareza sobre o que fez.
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Fazer jejum e penitência
A penitência é uma prática que produz conversão e expiação das nossas penas. Fortalece a vontade e modera o apetite concupiscível e irascível.
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Participar muitas vezes da Santa Missa
É uma graça poder participar da missa todos os dias da semana. São Francisco de Sales dizia o seguinte: “Duas espécies de pessoas devem comungar com frequência: os perfeitos para se conservarem perfeitos, e os imperfeitos para chegarem à perfeição”.
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Visitar todos os dias o Santíssimo Sacramento
É muito bom visitarmos o Senhor que está no sacrário para adorá-Lo e conversar com amigos.
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Ter devoção a Virgem Maria
A oração diária do Terço é uma excelente prática. Não se conhece um santo sequer que não tenha cultivado uma fervorosa intercessão por Maria.
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Ter oração pessoal
É necessário reservar um ou dois momentos(30min) do seu dia, em que meditará sobre a Palavra de Deus, conhecendo mais a Deus e seus mistérios. Esse momento de oração pessoal é fundamental.
Tudo converge para a santidade
Toda essa preparação para a morte é uma excelente ferramenta para a nossa santificação. Não perca tempo, se organize para cumprir cada um desses passos. Estabeleça esses santos hábitos em sua vida e descubra que, ao se preparar para a morte, se abrirá a porta do caminho para a santidade.