IGREJA

A Segunda Vinda de Jesus

É muito comum que o assunto “Segunda Vinda de Jesus” ou a Sua “vinda gloriosa” seja associado ao fim do mundo. Ela é vista, geralmente, como um acontecimento dramático, repleto de castigos e catástrofes. Fogos traçando o céu, terremotos, pestes, relâmpagos e trombetas celestes, tudo isso faz farte do imaginário de muitas pessoas. Neste dia apocalíptico, a ira e o julgamento de Deus absolverá os santos eleitos, que se salvarão, e os demais serão relegados para arder no fogo do inferno. Enfim, essa maneira peculiar de pensar a vinda gloriosa de Jesus causa arrepios em muitos e, em alguns poucos, contentamento.

:: Ninguém sabe o que Deus faria de nós, se não opuséssemos tantos obstáculos a sua graça

Pensar nos últimos acontecimentos da história sempre causa certa tensão. Na teologia, essa espécie de “angústia”, em relação aos últimos eventos da humanidade recebe o nome de “tensão escatológica”. Alguns a veem como algo negativo. Porém, não era assim que acontecia com os primeiros cristãos da Igreja Primitiva. Eles não só se alegravam com a vinda iminente de Nosso Senhor como aguardavam ansiosamente por ela. As palavras de Jesus que diziam “erguei-vos e levantai a cabeça, pois está próxima a vossa libertação” certamente ecoavam vigorosamente em suas lembranças e em seus corações (Lc 21,28).

Eles tinham como certo a vinda de Jesus ainda na geração deles, afinal, não fora o próprio Jesus que dissera que aquela geração não passaria sem que todos os sinais que Ele predissera acontecessem? (cf. Mt 24,34). Ora, já se passaram mais de dois mil anos, e Jesus ainda não veio. Jesus teria se equivocado ou desistido? Não, claro que não! Jesus, de uma maneira muito pedagógica, estava preparando um povo bem disposto, que vivesse, a todo instante, a firme expectativa da Sua vinda. Ele queria os Seus escolhidos sempre atentos, impelidos por uma fé que desejasse o imediato advento de Jesus. Em suma, Ele não queria que os Seus se desviassem ou arrefecessem sua fé antes que Ele viesse em Sua glória.

Acredito, de maneira muito particular, que Jesus não queria que os Seus discípulos ficassem com uma caneta nas mãos tentando calcular o dia exato de Sua vinda. Ele queria, seguramente, que Seus discípulos estivessem preparados a qualquer instante. Não é à toa que as primeiras comunidades alimentavam no seu espírito a invocação “Maranathá”, nítida expressão de quem deseja avidamente a vinda de Cristo. Assim, não seria exagero afirmar que o cristão não deveria esperar a vinda de Jesus à medida que vive, mas viver à medida que a espera. Em outras palavras, existe um sentido maior para a existência humana e os primeiros cristãos entenderam isso, mas os cristãos, de hoje, infelizmente, nem tanto.

:: Doutrina social da Igreja 

Vamos fazer, agora, um exercício de imaginação. Se uma voz forte vinda do cosmos anunciasse a vinda de Jesus, precisamente em uma hora, o que você faria? Se sua resposta fosse “eu procuraria um padre para me confessar” ou “eu procuraria os meus pais ou minha esposa para dizer ‘eu te amo’”; ou ainda, “eu me reconciliaria com um antigo amigo”, isso quer dizer que você ainda não está vivendo na autêntica expectativa da Vinda de Jesus. No momento em que Jesus vier na Sua glória, você não terá tempo de fazer nenhuma dessas coisas, a não ser, arrepender-se de não as terem feito.

Deus abençoe você e até a próxima!

Padre Gleidson de Souza Carvalho
Comunidade Canção Nova

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