Nossa série “Novos Padres para a Igreja” apresenta, hoje, a história vocacional do diácono Sidney: um testemunho de amor que o fez decidir pelo sacerdócio
A trajetória vocacional segue com suas particularidades e belezas. E, dessa vez, passa pela via do encanto. Conversando com o diácono Sidney, é impossível não se admirar pela forma intensa como fala de sua experiência com o Amor de Deus, grande marca de seu chamado vocacional.
De uma família do interior do Ceará, marcada pela forte presença na vida paroquial, Sidney nos conta que seus pais lhe transmitiram este amor por Jesus, que era vivido não só nas atividades da igreja, mas também na própria casa, onde rezavam juntos. Aos seis anos, ele perdeu o pai, mas justamente essa experiência de Deus sustentou ele e a sua família. E nos contou: “íamos à missa quase todos os dias; e me chamava a atenção o jeito com que o Bispo olhava para a Eucaristia, era de um jeito diferente, era o olhar de alguém que se encontrou com uma pessoa, um olhar apaixonado. E eu cresci falando para a minha mãe que, um dia, eu queria olhar para Jesus do jeito que o Bispo olhava”.
E este encontro com o testemunho de amor manifestado pelo Bispo despertou no coração do pequeno Sidney um encanto pela vida sacerdotal. E repetia sempre seu desejo de ser padre. “Aquele olhar contemplativo fazia meu coração de criança queimar e, quando eu chegava em casa, eu queria fazer a mesma coisa. Então, eu pegava biscoito e tentava olhar do mesmo jeito, e todo piedoso celebrava várias missas em casa, na janela do quarto da minha mãe, que era meu altar”.
Esse desejo se manteve, mas, na adolescência, ao se apaixonar, percebeu em si uma identificação com o seu pai, ao ponto de querer viver tão bem a vida matrimonial como ele vivia. Sidney nos contou que ouvia várias histórias de como o seu pai tinha sido um bom marido e exercido com sabedoria e amor a paternidade. E decidiu que queria ser igual e educar filhos para o Céu. Assim também descobriu a sua vocação missionária e entrou para a Comunidade Canção Nova. Mas, no período de formação inicial, se viu diante de uma oração de oferta que o fez questionar se, de fato, tinha deixado todos os seus planos e aderido aos de Deus. E, ao buscar ajuda com o formador (naquele tempo era o padre Aloísio), foi motivado a continuar rezando esta oração de oferta porque Deus ouvia a sinceridade do coração.
“Aquele olhar contemplativo fazia meu coração de criança queimar e, quando eu chegava em casa, eu queria fazer a mesma coisa. E eu cresci falando para a minha mãe que, um dia, eu queria olhar para Jesus do jeito que o Bispo olhava”.
Neste tempo marcado também pelo silêncio da casa de Maria (discipulado da Canção Nova), esse questionamento foi ganhando espaço. E, ao ler o documento que fala sobre a vida matrimonial dentro do carisma, Sidney conta que não se viu ali. “E contei esta experiência para o meu formador, e ele disse que aquela oração de desconstrução estava sendo realizada. E pediu para que eu retomasse à leitura da história de vida, que escrevi no ano anterior, e procurar ali sinais da vontade de Deus”. Sidney afirmou que foi tudo natural, pautado por um amor que o deixava livre para escolher, mas que o movia a dar este passo. Ele nos contou: “diante deste amor constrangedor, eu quis dar minha vida para Deus. Livremente, me decidi por isto”.
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Crises e descobertas
“Dentro do seminário tudo é muito intenso”: é assim que o diácono Sidney já começa nos contando sobre este período de formação. Nos disse ainda que a “época de maiores crises vocacionais é quando você percebe dentro de si realidades que não queria mais viver, mas que ainda vive”, o confronto entre o desejo de ser bom e as limitações que se apresentam a cada dia. Neste contexto, disse ter tocado de forma muito difícil nas suas misérias ao receber de uma pessoa uma carta em que relatava o quanto ele era ainda miserável e apresentava realidades que ele nem mesmo conhecia de si. “Foi um dos períodos mais difíceis, vivi um processo delicado de me confrontar com meus limites, e isso me fez pensar se daria conta. Mas eu tive pessoas que me ajudaram, e posso dizer que o principal foi ver em mim o desejo de amar.
Por mais que eu veja que não sou merecedor, percebo que busco amar, e isso é o pulsar da minha vida”.
Lema
A escolha de um lema para conduzir o ministério sacerdotal não poderia deixar de lado a experiência lá dos inícios, o desejo de um olhar apaixonado a Jesus Eucarístico e de ser todo d’Ele. Sidney afirmou que o lema sacerdotal é uma continuidade do diaconal, que é uma antífona do ofício das leituras: “Na simplicidade do meu coração, alegre vos dei tudo que tenho”. E afirmou: “Diz muito do meu coração: por mais que não tenha muito para dar, eu quero dar tudo e alegremente”.
Já o lema sacerdotal é um trecho da doxologia da Missa: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo”. E explicou: “Eu só consigo me oferecer se eu estiver n’Ele, com Ele. Estar imerso no Cristo é a minha vocação, ao ponto das pessoas me olharem e verem Cristo”.
Sidney mora na missão da Canção Nova, em Gravatá, Pernambuco. E de lá vive, entre as muitas atividades da casa de missão, toda a expectativa do dia da ordenação sacerdotal. O sonho do menino, que passou por diversas provas, agora está próximo de se realizar. E, assim, também ser um sinal visível do Amor.
Saiba mais:
Dia – 12 de junho de 2022
Hora: 9h30
Local: Santuário do Pai das Misericórdias – Canção Nova
Celebrante: Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias – Bispo de Lorena, SP
Ficha Técnica
Diácono Sidney Dias de Oliveira nasceu no dia 26/06/1986, em Quixadá, CE. É Membro da Associação Internacional Privada de Fieis – Comunidade Canção Nova, desde 2011 no modo de compromisso do Núcleo. Foi ordenado Diácono no dia 12/12/2021, no Santuário do Pai das Misericórdias.