Uma vida casta é uma vida de pureza
A castidade é um modo de vida. Diretrizes, códigos de conduta, políticas e procedimentos que regem o comportamento interpessoal podem ser úteis para comunicar limites aceitáveis no ambiente de trabalho e definir comportamentos abusivos do ponto de vista legal. No entanto, a virtude da castidade não pode ser reduzida a uma coleção de regras e regulamentos. A castidade é o autocontrole sagrado e habitual dos impulsos sexuais.
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A atração mútua entre homens e mulheres é designada por Deus. O desejo sagrado de relações matrimoniais é um presente, pois nos ajuda a cumprir o mandamento de Deus de “crescer e multiplicar”. Nossa inclinação para trazer nova vida ao mundo é impulsionada por uma alegria legítima e sagrada nas relações matrimoniais. A expressão de alegria de Adão por sua esposa Eva como sua companheira é inconfundível: “Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gênesis 2, 23).
Essa união do homem e da mulher no amor casto é afirmada por Jesus:
“Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher; e os dois serão uma só carne. Assim já não são dois, mas uma só carne” (Marcos 6,10-8).
Pecado Original
No entanto, o Pecado Original desfigura uma atração que, de outra forma, seria santa. Após a Queda, o afeto de Adão por Eva se transforma em culpa: “A mulher que me deste por esposa, ela me deu do fruto da árvore, e comi” (Gênesis 3,12). E o Diabo continua a explorar as inclinações pecaminosas do homem com tentações sexuais.
A castidade é o remédio de Deus, que nos traz de volta à inocência original. A castidade descreve a harmonia original e bela das relações matrimoniais antes da Queda e o uso adequado dos poderes sexuais posteriormente. A castidade deriva da virtude da temperança, que controla nosso desejo por prazeres sensuais. A castidade exclui ou modera a indulgência do apetite reprodutivo de acordo com a razão correta e o estado de vida de cada um.
Pela luz da fé, descobrimos a castidade como uma virtude sobrenatural. “Acaso não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós e que recebestes de Deus? E que não pertenceis a vós mesmos, mas fostes comprados por um alto preço? Portanto, glorificai a Deus no vosso corpo” (1 Coríntios 6, 19-20).
Uma vida casta é uma vida de pureza. A castidade exclui todos os prazeres sensuais voluntários e físicos antes do casamento. A formação na castidade começa na infância, quando os pais ensinam aos seus filhos o respeito mútuo, a modéstia e o autocontrole. A formação continua durante os tumultuosos anos da adolescência e na juventude adulta. A autonegação, o controle do olhar e a contenção física são os principais meios naturais de progredir na castidade. A virtude da castidade também purifica as relações dentro do casamento, protegendo contra atividades sexuais abusivas e egoístas.
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O celibato é um estado de vida que exclui o casamento. Para que o celibato seja santo, ele deve ser casto e direcionado ao Reino de Deus. Um padre ou religioso masculino é celibatário porque sua esposa é a Igreja, o Corpo Místico de Cristo, e seus filhos são as pessoas às quais ele serve. Seu celibato se destaca — ou deveria se destacar — em contradição vívida a uma cultura impura. Seu celibato oferece esperança a todos que sofrem tentações contra a castidade. Uma virgem consagrada, tendo Cristo como seu Esposo, oferece o mesmo testemunho.
De fato, todos são chamados ao celibato em vários momentos de suas vidas. O estado de solteiro requer celibato casto. Para aqueles que se preparam para o casamento, o celibato casto — o domínio dos poderes reprodutivos — é necessário antes da troca de votos matrimoniais. O dom de si no casamento é impossível sem um razoável domínio de si mesmo sobre os impulsos reprodutivos.
A castidade é possível
Às vezes, uma vida de fato celibatária é necessária após o casamento, periodicamente em tempos de doença ou permanentemente após a morte de um cônjuge. E precisamos do exemplo de padres castos e celibatários para nos dar a confiança de que a castidade é possível.
Isso não significa que um católico praticante nunca falhará na castidade. O Diabo não pode pensar ou escolher por nós, mas o Diabo tem acesso à nossa memória e imaginação. Ele pode até agitar nossas emoções. Uma tentação impura não é um pecado. Mas precisamos da ajuda de Deus por meio da oração e dos Sacramentos para resistir à tentação. Todos somos capazes de fracassar, de ignorância e de escolhas profundamente malignas que nos roubam da graça e redirecionam nosso destino eterno.
As violações deliberadas da castidade geralmente são ofensas graves. Jesus é claro: “Eu, porém, vos digo: quem olhar para uma mulher com intenção impura, já adulterou com ela no seu coração” (Mateus 5,27-28). A indolência egoísta, como a preguiça do Rei Davi antes de seu caso adúltero, facilmente leva a um padrão de impureza. Mas assim como para o Filho Pródigo, sempre há esperança de que aqueles que falham se arrependam, apesar de uma vida de preguiça, libertinagem e ignorância.
Quando falhamos na castidade ou percebemos que temos vivido uma vida indigna de Jesus, não há motivo para perder a confiança em alcançar a virtude da castidade. O recurso frequente ao Sacramento da Penitência restaura a inocência e ajuda a cultivar a castidade como uma virtude de vida.
Ao confessar atos de impureza, é importante evitar fornecer detalhes exagerados. Mas é necessário identificar a natureza e o número (com uma tentativa sincera) das ações impuras.
A vestimenta imodesta ou provocante viola a virtude da castidade. Olhares impuros ou um breve pensamento impuro são pecados leves, mas precisam ser resistidos. Uma fantasia impura, com pleno consentimento, é um pecado mortal. A visualização de vários tipos de pornografia e outras formas de entretenimento impuro também é gravemente pecaminosa. Pecados mortais também incluem expressões externas de falta de castidade, como masturbação, fornicação, contracepção, comportamento homossexual e adultério.
A restauração no Sacramento da Penitência e a resolução de levar uma vida casta trazem verdadeira paz de alma. A castidade, frequentemente restaurada no Sacramento da Penitência, é a pedra angular de uma vida feliz e de um casamento feliz. A promoção da castidade é essencial para uma comunidade civil e uma nação boa e generosa.
O objetivo da castidade é reconhecer e respeitar habitualmente a imagem de Deus nos outros. A castidade não é apenas uma virtude de autodomínio e autorrespeito, mas também uma virtude de respeito mútuo e amor responsável. A castidade nos liberta para amar do modo como Jesus ama, incluindo o amor casto e terno que Ele tinha por Maria Madalena. Isso nos dá a confiança de amar os outros com honestidade e pureza, sem a ansiedade que vem com a escravidão de uma cultura hipersexualizada. Livres das obsessões da impureza, a castidade também purifica nossa vida de oração, aproximando-nos de Deus.
Com a intercessão de Maria Santíssima e com a graça de Jesus, é verdadeiramente possível viver uma vida casta, feliz e santa.