Semana Santa não é algo que eu assisto, é algo que eu vivo em mim mesmo. É uma realidade que me molda. Como cristão eu devo vivê-la como o Cristo. Apreendendo o sentido de toda a grandeza do Evento. Na Semana Santa, sobretudo nos três dias, deve acontecer a abertura para que Cristo assuma nossos pecados e para que assumamos a obediência filial d’Ele. Só assim seremos transformados. É um assumir-se mútuo. Em Jesus eu participo da vida de Deus e Deus participa da minha.
Nós também experimentamos em nossa vida as faces destes três lugares: Getsêmani na quinta; Calvário na sexta e Sepulcro no sábado.
SEXTA-FEIRA
Calvário: Silêncio de Deus (Mt 27,33.46)/ consequências do que assumiu
“Pelas três da tarde Jesus deu um forte grito: […] meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes” (cf. v.46). O grito de Jesus expressa a angústia causada pelo silêncio de Deus. O grito de Jesus é o grito da humanidade que padece sob o jugo do pecado. Na verdade, Deus não está longe, ele está em silêncio. Sofre calado a escolha de descer por ter assumido o homem. Deus desce até a miséria do homem. O silêncio de Deus é oportunidade de subida: “amou tanto o mundo que lhe entregou seu filho unigênito” (Jo 3,16).
A cruz do Filho revela o amor do Pai: Como?
É da experiência do aparente abandono e ausência do Pai em relação ao Filho que surge o significado profundo da Ressurreição, ou seja, a cruz revela a divindade por reproduzir no tempo o que ocorre desde sempre na eternidade: o amor e entrega do Pai ao Filho e a obediência filial. Porque o Pai se entrega inteiro ao Filho ele entrega o Filho inteiro à humanidade. Desta forma, a cruz do Filho revela o amor do Pai ao evidenciar sua entrega em amor. O Pai entrega o Filho por amor, e o Filho se entrega também por amor. Por este vínculo eles estão ligados desde sempre, o Espírito é o vínculo que os une. Na cruz Deus não se esconde, na cruz Deus se mostra.
O perdão do Pai
Justamente no momento em que os seres humanos caídos e fechados em si mesmos manifestam o que tem de pior, Deus revela-se como máxima bondade mediante um perdão reconciliador e entrega, para além de toda e qualquer expectativa humana, recuperando a dignidade ferida.
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Diácono Edison de Oliveira
Comunidade Canção Nova