A exemplo de Maria, confiar que nada é impossível para Deus Segundo Tanquerey (2018), “depois de Jesus, Maria é o mais belo modelo que podemos imitar”. Citando Santo Ambrósio e São Libério, o autor apresenta-a como “modelo perfeito de todas as virtudes”. Suas virtudes são destacadas no Evangelho e, dentre estas, destaca-se “a sua profunda fé, que a fez crer sem vacilar nas coisas que o anjo da parte de Deus lhe anuncia”.
:: O que o sim de Maria tem a nos ensinar?
Ao narrar o Mistério da Anunciação, o evangelista São Lucas relata que o Arcanjo Gabriel é enviado à cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José. A virgem se chamava Maria. O anúncio transcorre através de um diálogo, quando o anjo comunica a Virgem uma mensagem do céu: “O anjo entrou onde ela estava e disse: ‘Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo’. Ela se perturbou com essas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo então disse: “Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará para sempre sobre a descendência de Davi, seu pai. Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó e o seu reino não terá fim.
Maria, então, perguntou ao anjo: Como acontecerá isso, se eu não conheço homem? O anjo respondeu:’ O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, pois para Deus nada é impossível! Maria disse:’ Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra’. E o anjo retirou-se de junto dela”. (Lc 1,30-37).
Maria é feliz porque acreditou! Diante do impossível, ela crê em Deus. Crê num Deus que é todo poderoso para cumprir aquilo que acabara de lhe ser anunciado. E, imediatamente após o anúncio do anjo, Maria parte apressada em direção a “uma cidade de Judá” (Lc 1,39), situada entre as montanhas, para visitar sua prima Isabel. Ao entrar em sua casa, Maria a saúda. Quando Isabel ouviu sua voz a criança concebida em seu ventre pulou de alegria, ela ficou repleta do Espírito Santo e exclamou com voz forte: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Logo que a tua saudação ressoou nos meus ouvidos, o menino pulou de alegria no meu ventre. Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido” (Lc 1,42-45).
Segundo São João Paulo II (1987), as palavras nesta saudação de Isabel são densas de significado, especialmente quando diz: “Feliz aquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor” (Lc 1,45). Neste momento, a fé de Maria corresponde à plenitude da graça que lhe fora concedida da parte de Deus: “Na anunciação, de fato, Maria entregou-se a Deus completamente, manifestando ‘a obediência da fé’ àquele que lhe falava, mediante o mensageiro”. Nessa resposta cheia de fé, estava contida a cooperação e disponibilidade perfeita à ação do Espírito Santo. Dela, aprendemos a confiar e a corresponder à manifestação da graça. Sua confiança não é passiva, mas ativa, gera confiança, obediência e submissão à vontade de Deus e o serviço ao próximo. Tanto isso é verdade que a vemos, após o anúncio do anjo, sair apressadamente para visitar Isabel. Maria confia e se entrega. Eis um grande ensinamento para todos os cristãos. Ela pronunciou seu ‘fiat’ mediante a fé e se entregou a Deus sem reservas, como a escrava do Senhor. A partir desse momento, viverá uma fé heroica para cumprir a vontade de Deus.
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Na visitação (Lc 1, 39-55), em resposta à saudação de sua prima Isabel, a Virgem Maria canta o Magnificat reconhecendo sua pequenez e a grandeza de Deus, seu Salvador: “Todas as gerações, de agora em diante, me chamarão feliz” (Lc 1,48b). De agora em diante, não só Isabel a proclamaria feliz, mas todas as gerações proclamarão feliz “aquela que acreditou”. Maria acreditou, confiou plenamente que os planos de Deus a seu respeito se cumpririam, pois nada é impossível para ele. Maria acreditou no impossível: gerar o Filho de Deus em seu seio virginal. Somente Deus seria capaz de realizar tal proeza para que tudo saísse conforme seu plano de amor. E “foi mediante a fé que ela ‘se entregou a Deus’ sem reservas e ‘se consagrou totalmente, como escrava do Senhor, à pessoa e à obra do seu filho”. Mediante a fé, ela colaborou com a graça de Deus, renunciou aos seus projetos, a fim de aderir e colaborar com o projeto de Deus. Todo o seu empenho consistia em fazer a vontade d’Ele e colaborar com Sua graça.
Se quisermos obter bons resultados para a nossa vida de oração, precisaremos aprender a orar e a pedir como a Virgem Maria: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Nossa confiança em Deus crescerá quando aprendermos a depender totalmente d’Ele. Mesmo que sejamos tentados a pedir segundo o nosso querer e a nossa vontade, precisamos confiar que o Senhor sempre sabe o que é melhor para nós. Com a Virgem Maria, precisamos aprender a pedir segundo o coração de Deus, como Seu filho Jesus ensinou: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai que está no escondido. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa. Quando orardes, não useis de muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. Não sejais como eles, pois o vosso Pai sabe do que precisais, antes de vós o pedirdes.
Vós, portanto, orai assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, como no céu, assim também na terra” (Mt 5,6-10).
“Fazei tudo o que ele vos disser”
Percebe-se, então, de onde consiste a eficácia da oração de Maria: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5). Quanto mais exercitarmos a fé carismática em nossa oração, tanto mais receberemos graças da parte de Deus. Com Maria, aprendemos esse movimento: oração, fé carismática e consonância com os desígnios de Deus. Com esse exercício na vida de oração, a confiança em Deus tende a crescer em nosso interior, pois cremos que nosso Deus é amoroso e rico em Misericórdia. Quanto mais buscarmos o seu querer, tanto mais ele fará por nós, pois “para Deus nada é impossível”.
Segundo Tanquerey (2018), ela é “esse modelo tão perfeito e, ao mesmo tempo, inteiramente atrativo. Maria é uma simples criatura como nós, uma irmã, uma Mãe que nos convida a imitá-la”. Ela é esse modelo fácil de se imitar, uma vez que se santificou na vida oculta e comum, no cumprimento dos seus deveres e em pleno consentimento com a vontade de Deus. Imitar Maria é o meio mais seguro e eficaz de imitar Jesus.
Salve, Maria!
Referências:
Bíblia, CNBB – Ed Canção Nova.
Carta encíclica Redemptoris Mater – Papa João Paulo II, 1987.
Tanquerey, Compêndio de Teologia – Ascética e mística, 2018.