É proibido tomar ou reter injustamente algo que não é seu
Queridos leitores, seguindo o nosso aprofundamento sobre o decálogo, neste artigo veremos o sétimo mandamento, que é conhecido como “Não roubar”. Esse mandamento pode ser identificado em dois momentos na Sagrada Escritura. Primeiro, no Antigo Testamento, quando o livro do Êxodo 20,15 apresenta a ordem: “Não roubarás”. Já no Novo Testamento, o evangelista São Mateus, apresentando outras ordens, inclui o não roubar: “Não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho” (Mt 20,18). Nota-se com este mandamento que é proibido tomar ou reter injustamente algo que não é seu.
O respeito aos bens e às pessoas
Este mandamento vai além do que é a proibição civil. Toda posse e retenção de um bem sem o consentimento do outro é diretamente contrária ao sétimo mandamento. A exemplo disso é a retenção de bens que foram emprestados ou objetos perdidos, defraudar o comércio, pagar salário injusto e elevar os preços (cf. CIC 2409). Em respeito ao próximo, as promessas também devem ser mantidas, os contratos devem ser observados e o compromisso mantido, desde que este seja moralmente justo.
Pode ser ainda um pouco estranho a relação do sétimo mandamento com o respeito pela integridade da criação, mas o Catecismo da Igreja coloca que este mandamento orienta que seja respeitada a integridade de toda a criação. Os animais, como criaturas de Deus, podem, por parte dos homens, ser domesticados para trabalhos e lazeres, assim como servirem para a alimentação e confecção de vestes. Contudo, não se deve gastar com eles o que poderia aliviar a miséria dos homens (cf. CIC 2417).
A justiça social e a atividade econômica
A atividade do homem deve ser voltada para servir as necessidades dos seres humanos. Não simplesmente na multiplicação e acúmulo de bens, visando o lucro. O trabalho humano é um dever de cada homem, mas também serve para honrar ao Senhor por meio dos dons que Ele concede ao Seu povo. A exemplo disso é o que São Paulo escreveu: “quem não quer trabalhar também não há de comer” (2Ts 3,10). Além disso, o trabalho pode ser redentor, suportando a pena do trabalho e unindo-se a Jesus crucificado. É do trabalho que cada um deve tirar seu sustento e ainda ajudar os necessitados.
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Os donos e responsáveis pelas empresas devem se responsabilizar de forma econômica e ecologicamente por aquilo que fazem, considerando o bem do próximo e não somente os lucros. O acesso ao trabalho deve ser a todos, homens e mulheres, com salários justos e legítimos do seus esforços trabalhistas (cf. CIC 2427/2434). Aqueles que podem, devem sempre ajudar os mais necessitados de maneira particular e com atenção aos pobres. Essa atitude foi muito bem expressa quando Jesus disse: “Dá ao que te pede e não voltes as costas ao que te pede emprestado” (Mt 5,42).
Teríamos muitos outros aspectos que estão inseridos no sétimo mandamento, contudo, quero concluir deixando claro que, ligada à ordem de não roubar (Dt 5,19), está escrito: “Nem os ladrões, nem os avarentos […] herdarão o Reino de Deus” (2Cor 610). Com isso, meus amigos leitores, alarguemos o nosso coração para a disponibilidade em servir e ajudar os mais necessitados sem precisar reter nada que não nos pertença.
Fábio Nunes
Seminarista da Canção Nova
Fontes:
BÍBLIA. Português. Tradução da Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. 2206p.
CATECISMO da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.
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