CONFIA NO SENHOR!

O abandono à providência, um caminho seguro para todo cristão

“Lançai sobre Ele todas as vossas preocupações, pois Ele tem cuidado de vós”

Certa vez, Santa Teresa de Calcutá disse que “a confiança na Providência Divina é a fé firme e viva de que Deus nos pode ajudar e nos ajudará. Que Ele pode nos ajudar é evidente, pois Ele é onipotente. Que Ele nos ajudará é seguro, porque Ele, em muitas passagens da Sagrada Escritura, prometeu e foi fiel a todas as Suas promessas”.

De fato, o abandono à Divina Providência não é somente um caminho seguro para todo cristão, mas também um convite de Deus para bem vivermos o tempo presente. Sabemos que vivemos num mundo conturbado, marcado pelo medo, pela insegurança e pela preocupação exagerada com o futuro. E, comumente, estes sentimentos nos deixam num estado emocional de instabilidade, de angústia e, muitas vezes, de aflição. Dessa forma, somos convidados a colocar a nossa confiança em Deus.

 

É Cristo quem nos convida a nos abandonarmos filialmente à Providência do Pai dos céus

Acredite! É do próprio Deus o desejo e a iniciativa de que confiemos n’Ele; de que, mesmo em meio a este mundo de tribulações que vivemos, coloquemos n’Ele a nossa confiança e esperança. Vejam: é a isto que nos convida a Palavra de Deus: “Lançai sobre ele todas as vossas preocupações, pois ele tem cuidado de vós” (1Pd. 5,7).

É do Senhor a iniciativa de que confiemos a Ele o nosso cuidado, o cuidado de nossas famílias e as nossas preocupações. A esse respeito, é unânime o testemunho da Sagrada Escritura: “a solicitude da Divina Providência é concreta e imediata, cuida de tudo, desde os mais insignificantes pormenores até aos grandes acontecimentos do mundo e da história. Os livros santos afirmam, com veemência, a soberania absoluta de Deus no decurso dos acontecimentos: «Tudo quanto Lhe aprouve, o nosso Deus o fez, no céu e na terra» (Sl. 115, 3); no coração do homem, há muitos projetos, mas é a vontade do Senhor que prevalece» (Pr 19, 21).” CIC 303.

A partir desta verdade, a Palavra de Deus nos convida a uma atitude de fé: colocar a nossa confiança em Deus. Santo Afonso de Ligório dizia que “da confiança em Deus nasce nos santos aquela inalterável tranquilidade que os fez sempre alegres e sossegados, até mesmo no meio das contrariedades”. “Quem mais ama a Deus, mas espera na sua bondade”. Num mundo em que as preocupações têm cada vez mais nos sufocado e causado um verdadeiro tormento, somos convidados a confiar em Deus, abandonar-nos e esperar n’Ele. É o próprio “Cristo quem nos convida a nos abandonarmos filialmente à Providência do Pai dos céus” (CIC 322).

“Espera no Senhor e faze o bem; habitarás a terra em plena segurança. Põe tuas delícias no Senhor, e os desejos do teu coração ele atenderá. Confia no Senhor a tua sorte, espera nele, e ele agirá. Em silêncio, abandona-te ao Senhor, põe tua esperança n’Ele” (Sl 36, 3-5a; 7a).

Em quem ou em que você tem colocado a sua confiança? Em quem você tem esperado? Porque, como nos ensina o salmista, a nossa confiança precisa estar no Nome do Senhor. Infelizmente, o que acontece é que confiamos em tudo e em todos, mas não confiamos nem esperamos suficientemente em Deus. Isto é o que acontece com muitos de nós com frequência.

Foto: Arquivo Canção Nova

 

Em diversas circunstâncias de nossa vida, podemos constatar que damos crédito a muitas pessoas. Damos crédito a um noticiário, damos crédito a uma previsão de tempo e, logo, nos programamos de acordo com o anunciado; damos crédito ao diagnóstico de um exame sem duvidar ou buscar realizar outros exames que comprovem aquele diagnóstico; damos crédito a um motorista a nos conduzir, sem ao menos saber se ele está habilitado para isso ou não; e assim damos crédito a tantas outras coisas. Mas eu pergunto: E a Deus, por que não damos tanto crédito assim? A Palavra de Deus é concreta: “Confia no Senhor a tua sorte, espera nele, e ele agirá. Em silêncio, abandona-te ao Senhor, põe tua esperança n’Ele” (Sl 36, 5a;7a). Se, infelizmente, não experimentamos o poder e o agir de Deus em nossa vida, não é porque Deus é incapaz.

Não! É, antes de tudo, porque não temos confiado, abandonado ou esperado n’Ele. Temos de aprender a confiar em Deus, pois a “Divina Providência consiste nas disposições pelas quais Deus conduz, com sabedoria e amor; todas as criaturas, para o seu fim último” (CIC 321). Muitas vezes, num conceito equivocado de religiosidade da nossa parte, somente esperamos que Deus faça grandes milagres em nossa vida e não nos atentamos para os pequenos milagres que, em sua bondade, realiza todos os dias. Assim diz o Senhor: “Não vos preocupeis por vossa vida, pelo que comereis, nem por vosso corpo, pelo que vestireis. A vida não é mais que o alimento e o corpo não é mais que as vestes? Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e o vosso Pai Celeste as alimenta. Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai Celeste sabe que necessitais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt 6, 25.31-33).

Portanto, o homem é chamado a confiar em Deus que, com sua Providência Divina, conduz com sabedoria e amor todas as coisas. Aprendamos com o exemplo dos santos a nos abandonarmos em Deus. Confie no Senhor, espera n’Ele e Ele agirá. Amém! Partilho, abaixo, o testemunho que alguns santos deram no que se refere ao abandono à Providência Divina e à vontade amorosa de Deus. Dizia São Vicente de Paulo: “Quanto mais confiamos em Deus, tanto mais progredimos no seu amor”.

Santa Catarina de Sena disse: “Tudo procede do amor, tudo está ordenado para a salvação do homem e não com nenhum outro fim”. Já Santa Faustina Kowalska falava que “nos mais pesados tormentos, fixo o olhar da minha alma em Jesus Crucificado; não espero ajuda dos homens, mas deposito a minha confiança em Deus; na sua insondável misericórdia está toda a minha esperança”. São Tomás Morus, pouco antes do seu martírio, disse: “Nada pode acontecer-me que Deus não queira. E tudo o que Ele quer, por muito mau que nos pareça, é, na verdade, muito bom” . Por fim, dizia Santa Teresinha do Menino Jesus: “Espero tudo do Bom Deus, como uma criancinha espera tudo de seu pai”.

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