DIGNIDADE

O abraço do Pai espera por você!

A esperança do reencontro

Certo dia, Jesus contou uma história para os coletores de impostos, os pecadores, o povo simples que o acompanhava.  A história de um Pai que tinha dois filhos e que amava cada um como se fosse filho único. Cada um deles na sua particularidade (Lucas 15, 11-31). Hoje, vamos falar do filho mais novo.

O filho caçula pediu a parte da herança e partiu para longe. Mas não só para uma nova terra, e sim partir para longe de si mesmo, para longe do Pai (Deus). Deixa-se arrastar por uma psique em desordem que o domina por inteiro. Talvez, emocionalmente já tinha deixado a casa do Pai muito antes de sair fisicamente pela porta.

O abraço que cura | Foto ilustrativa: Valbar (Getty-Images)

O Pai da parábola encheu-se de tristeza quando o filho mais novo pediu a parte da herança e partiu para longe. Foi um tempo de angústia para aquele pai sem notícias do filho. Mas, no coração, a esperança de reencontrá-lo, de recebê-lo com o abraço paterno.

Um dia, o filho pródigo, já no “fundo do poço”, caiu em si. Ele mesmo se dá conta do próprio caos, sua desordem interior. Sai da ilusão sobre si mesmo e descobre sua verdade. Retoma a esperança e decide: “Vou-me embora, vou voltar para meu pai” (Lc 15, 18).

Coloca-se a caminho, agora como alguém fraco ou fracassado, mas tira uma lição de tudo o que lhe aconteceu. Ele viu todas as suas fragilidades, todas as suas lutas, todas as suas desvantagens por ter se afastado.

 “E quando ainda estava longe, seu pai o viu, e seu coração se encheu de compaixão, e ele correu em direção ao seu filho, o abraçou e o beijou” (Lc 15.20b).

O Pai foi ao seu encontro, não perguntou o que o filho havia feito, por onde andou, não se importou com a aparência dele. Abraçou-o e cobriu-o de beijos. Um abraço que foi muito esperado. Ali, no aconchego do colo do Pai, ele é resgatado. Esse abraço cura toda saudade, desilusão, carências, magoas, solidão, ele experimenta um amor que não passa, um amor incondicional. 

O jovem não se achava mais digno de ser tratado como filho, porém, o pai não lhe deu ouvidos. Não brigou nem discursou sobre o pedido de perdão do filho, mas agiu ordenando que lhe fosse dado uma roupa nova, para que ele soubesse que não seria lembrado pelo que tinha vivido, mas por quem era (filho). Deu um anel, as sandália (sinal de liberdade) e festejou sua volta com uma grande festa. 

:: “O abraço do Pai” – Homilia do monsenhor Jonas Abib

Talvez, aos olhos humanos, essa atitude do Pai não seja compreendida. É preciso mergulhar na misericórdia de Deus para tentar entender como somos amados por Ele. As atitudes desse pai demonstram o quanto ele ama o filho. E quem é esse filho? Como ele se chama? Esse filho sou eu, é você. Devemos todos os dias voltar para o abraço do Pai. 

Hoje, quero falar para você que, como esse filho da parábola, também se afastou de Deus e sente-se indigno de ser recebido de volta por Ele. Ele quer te abraçar. Olhe agora para dentro de você, para a sua história de vida e perceba onde está a sua dor. Não tenha medo de ser abraçada por Deus e nesse abraço falar das dores do teu coração, das crises de ansiedade que tem vivido, das noites mal dormidas, ou quem sabe, da depressão que tem te assolado. Deixe o Pai das Misericórdias curar toda dor da ausência de pai que você vive. Ele quer te dar o colo que você não teve na infância. Quer te devolver o sentido da vida que os acontecimentos e o pecado te roubaram. Deixe Ele curar remorsos, solidão, mágoas e ressentimentos. Ele quer devolver a você a dignidade de filho, de filha. 

:: Se achegue aos braços do Pai das Misericórdias

Mergulhe na misericórdia de Deus e entenda o quanto é amado(a) pelo Pai. Não importa por onde andou, o que fez, o Pai sempre te olha como a(o) menina(o) de seus olhos e vai estar sempre à espera do teu abraço. 

Faça o caminho de volta para o Pai e partilhe sua experiência!

Edcleide Campos
Jornalista e Missionária da comunidade Canção nova 

 

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