NOVA SÉRIE

O Brilho da Castidade: Um caminho de ascese e autodomínio

Pela força de vontade humana, o homem se distingue dos animais e pode levar uma vida de castidade

Todos nós nascemos com uma ferida na alma. O nome desta ferida, ocasionada pelo inimigo de Deus, é o pecado original. Não podendo ferir a Deus, o inimigo feriu o homem, imagem e semelhança de Deus. Vejamos o que está escrito na carta de São Paulo aos Romanos 5,12: “Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram…” Portanto, herdamos dos nossos primeiros pais a marca do pecado, onde tanto a natureza quanto o homem vivem uma constante desordem.

“A castidade, num mundo hipersexualizado como é hoje, torna-se desafiante, mas Deus quer levantar os santos dessa geração, que se “violentem” e nadem contra a maré. Creia: é possível!” | Arte: mkt Canção Nova

O homem, pela graça de Deus e por meio da capacidade racional que possui, é capaz de reordenar aquilo que o pecado bagunçou. Aí entra uma constante luta que percorre durante toda a sua existência, para que viva as virtudes e chegue ao estado do homem perfeito, a estatura da maturidade de Cristo. (cf. Ef 4, 13).

Chamados à castidade

Sujeitos a concupiscência, os batizados buscam viver o equilíbrio das suas emoções, dos seus afetos e também da sua sexualidade. Lembrando que pela graça divina, mas também pela força de vontade humana, o homem se distingue dos animais e pode levar uma vida de castidade.

A pessoa cristã deve buscar uma vida casta, independente do seu estado de vida, porque têm a consciência de que não é pela busca das coisas passageiras e vãs que a felicidade virá, mas por uma entrega de amor em que visa a eternidade. O brilho da castidade é o viver, aqui na terra, o amor de todo coração, a Deus, aos irmãos e a si mesmo, para um dia amar plenamente no céu.

Vencendo os inimigos da alma: um caminho de ascese e autodomínio

Na grande sapiência do místico e doutor da Santa Igreja, São João da Cruz, identificamos três inimigos da alma que precisam ser combatidos, que são:

  • O mundo
  • O demônio
  • A carne

Temos, diante de nós, o primeiro inimigo – e o mais fácil de ser combatido: o MUNDO. O salmista escreve: “Se Vos possuo nada mais me atrai na terra. A rocha de meu coração e minha herança eterna é Deus” (Sl 72,25-26). Consciente de que, fama, status, dinheiro, bens e riquezas não passavam de ilusões, preferia ter o bem maior: Deus, sua única felicidade verdadeira. Nesse sentido, São João Evangelista registrou o que o Nosso Senhor disse: “Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós. Se fosse do mundo, o mundo os amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia” (Jo 14,18). Portanto, para vencer as seduções do mundo é necessário o desapego, tomar a sua cruz e seguir o mestre da vida e do amor.

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O segundo inimigo: o DEMÔNIO. Se o mundo é o mais fácil dentre os três, este segundo inimigo, o demônio, é o mais difícil de descobrir suas obras. Mas é possível vencê-lo por meio da humildade, e ser humilde é estar disposto a viver humilhações. A Palavra de Deus atesta: “Pois o Senhor desconcerta o coração dos soberbos, derruba do trono os poderosos e exalta os humildes” (cf. Lc 1,51-52). É necessário pedir a graça de Deus e estar imenso n’Ele para se livrar das sugestões do inimigo.

O terceiro e último: a CARNE. Este é o mais pegajoso e que provavelmente combateremos até o dia da nossa morte. Não foi diferente com São Paulo: “Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. (2 Coríntios 12, 7). Assim como São Paulo e todos os outros santos, eu e você somos chamados a lutar contra a nossa carne. Para isso, devemos usar a mortificação dos nossos sentidos como remédio.

A castidade, num mundo hipersexualizado como é hoje, torna-se desafiante, mas Deus quer levantar os santos dessa geração, que se “violentem” e nadem contra a maré. Creia: é possível!

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