TRADIÇÃO

Junho e julho: Tempo de fé e tradições

Os meses de junho e julho são marcados pelos Festas típicas, sendo que muitas destas acontecem nos contextos paroquiais, enriquecendo assim a fraternidade

As festas juninas estão entre as festas mais populares em todo o Brasil, sendo em algumas localidades a maior festa do ano, muito esperada e preparada. Apesar das transformações ocorridas no contexto sociocultural, com mudanças rápidas e profundas, as festas juninas permanecem como um dado cultural e religioso de especial importância.

 

Embora de origens europeias, principalmente portuguesas, elas foram abrasileiradas, incorporando alguns traços indígenas e africanos. Preservando suas características rurais, especialmente caipiras, as festas juninas figuram nos cenários urbanos, de norte a sul, com aspectos regionais próprios em função do clima e das tradições locais que se refletem nas comidas e músicas típicas. Nas festas juninas, parece haver uma volta saudosa ao rural que permanece no coração das pessoas e das cidades, constatando-se em grandes cidades, como Salvador, o retorno ao interior para visitar familiares e amigos, para rever a terra onde nasceu e foi criado. A relação com a terra, com a roça e as colheitas persistem. De origem religiosa católica, as festas para homenagear Santo Antônio, São João e São Pedro, reúnem pessoas de diferentes credos, tornando-se sempre mais patrimônio de todos.

As festas que eram originalmente “joaninas”, alargaram o leque devocional incluindo harmoniosamente os outros santos, mas sem deixar de dar atenção especial a São João Batista, que continua a dar o seu nome às fogueiras e aos festejos, de tal modo que tudo parece virar festa de São João.

O tradicional mastro em honra a Santo Antônio, a São João e a São Pedro, continua a ser levantado, embora já nem sempre como antigamente, certamente reflexo das mudanças ocorridas no cenário religioso brasileiro. Apesar das diferenças típicas de cada região, permanecem os elementos fundamentais que caracterizam estas festas tão queridas em todo o País, como a decoração com bandeirinhas e balões, as fogueiras e os fogos, as roupas e os chapéus, as músicas e as danças, as comidas e as bebidas. Permanecem, acima de tudo, a alegria, a criatividade e a fé.

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Num mundo necessitado de encontro e convivência fraterna, é motivo de alegria e de esperança ver tantas pessoas de diferentes idades e condições sociais encontrando-se e alegrando-se nas festas juninas, ocasião privilegiada para o reencontro de familiares e amigos, para a alegria e a partilha, principalmente depois de um período tão largo de distanciamento social causado pelas fases mais duras da pandemia. Festa junina é festa da comunidade!

O reconhecimento do rico significado cultural e religioso e da beleza das festas juninas não implica no esquecimento de suas ambiguidades, como a violência, a desigualdade social, a mercantilização e o enfraquecimento do seu sentido religioso. Contudo, para superar as contradições existentes, é preciso conhecer, preservar e vivenciar as festas juninas.

Cardeal Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil

 

 

 

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