2 DE FEVEREIRO

Vida Consagrada e a Misericórdia do Pai

Deus é Pai e em sua infinita bondade e misericórdia se manifestou de várias formas no decorrer dos tempos. Desde a Criação do mundo, o Pai revela seu carinho para com o ser humano e suscita homens e mulheres que revelam seu rosto.

Na plenitude dos tempos (Gl 4,4), o Pai se manifestou em seu Filho, Jesus Cristo, pois os gestos e as palavras d’Ele revelavam o quão misericordioso é Deus. Jesus é Deus com o Pai, com o Espírito Santo e com o Filho a revelar a Sua misericórdia; e Ele continua a chamar operários para messe, continua a contar com homens e mulheres “apóstolos da misericórdia”, termo usado nas revelações de Jesus misericordioso a Santa Faustina. 

“O consagrado é chamado a ser sinal da misericórdia como batizado”

O consagrado é chamado a ser sinal da misericórdia como batizado e ainda pelo compromisso assumido de uma vida entregue, consagrada a Deus, nesse sentido ensina São João Paulo II: “Servir os pobres é ato de evangelização e, ao mesmo tempo, selo de fidelidade ao Evangelho e estímulo de conversão permanente para a vida consagrada, porque — como diz S. Gregório Magno — ‘quando a caridade se debruça amorosamente a prover mesmo às ínfimas necessidades do próximo, então é que se alteia até aos cumes mais elevados. E quando benignamente se inclina sobre as necessidades extremas, então mais vigorosamente retoma o voo para as alturas ‘“ (Vita Consegrata n. 82).

Ora, o consagrado assume um compromisso de zelo pelas almas através da pregação, que se transforma em vida no cuidado das outras necessidades da pessoa. A pregação acontece na fala e, muitas vezes, no silêncio da paciência, da atenção e do companheirismo àquelas pessoas que são esquecidas nas ruas, nos hospitais, nas creches, nos lares para idosos e na prisão.  

Pessoas consagradas

Segundo São João Paulo II, a Igreja olha com admiração para os consagrados “que assistindo os doentes e atribulados, contribuem de modo significativo para a sua missão. Elas continuam o ministério de misericórdia de Cristo, que ‘ passou (..) fazendo o bem e curando a todos’ (Act 10,38). Seguindo os passos d’Ele, divino Samaritano, médico das almas e dos corpos, e a exemplo dos respectivos fundadores e fundadoras, as pessoas consagradas, que a tal são encaminhadas pelo carisma do próprio Instituto, perseverem no seu testemunho de amor pelos enfermos” (Vita Consegrata n. 83).

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Deus seja louvado por tantos religiosos e religiosas que no escondimento, sem fazer barulho, vivem o Evangelho “não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita” (Mt 6,3), ajudam os mais necessitados com a Palavra e com o pão material.  

O Papa Francisco dedicou o ano de 2015 à Vida Consagrada, na carta apostólica “Ano da Vida Consagrada”, como sucessor de Pedro escreveu: Juntos, damos graças ao Pai, que nos chamou para seguir Jesus na plena adesão ao seu Evangelho e no serviço da Igreja e derramou nos nossos corações o Espírito Santo que nos dá alegria e nos faz dar testemunho ao mundo inteiro do seu amor e da sua misericórdia”. 

Na carta, o Papa incentiva os consagrados a olhar com gratidão para o passado, viver com paixão o presente e ter um olhar de esperança para o futuro. Diz a carta: “Que este Ano da Vida Consagrada seja ocasião também para confessar, com humildade e simultaneamente grande confiança em Deus Amor (cf. 1 Jo 4, 8), a própria fragilidade e para a viver como experiência do amor misericordioso do Senhor.

O consagrado é chamado a ser sinal da misericórdia como batizado

Sim, os consagrados são chamados a pregar o Evangelho, a pregar com o cuidado amoroso aos filhos e filhas desassistidos pela sociedade, mas para que não seja apenas um trabalho a ser realizado, os consagrados são chamados ainda a confessar com humildade sua confiança em Deus. Os consagrados devem ser sinais da misericórdia, mas também são os primeiros necessitados da misericórdia. Certa vez, um sacerdote foi confessar numa basílica e o confessor lhe disse exatamente isso: “O senhor (sacerdote) é ministro da misericórdia, mas é também necessitado da misericórdia”. 

Por fim, irmãos, rezemos de maneira especial pelos consagrados, eles possuem uma história, uma família, são cercados de fragilidade, são limitados e pecadores, mas também são solícitos, confiam n’Aquele que os chamou, querem imitar Jesus e nos revelam tantas vezes a misericórdia do Pai sem os holofotes do mundo. Bom, que assim seja! Podemos e devemos aprender com eles que o que vale a pena mesmo na vida é amar a Deus e os irmãos, mas ninguém precisa saber de nossa boca, mas que consigam ler através de nossa vida.  

Padre Márcio do Prado
Sacerdote da Com. Canção Nova

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