VIRGEM DO SILÊNCIO

Maria, Aquela que soube falar e soube calar

Para falar dessa virtude tão presente na vida da Mãe de Deus, queria começar, primeiramente, trazendo o que o dicionário nos diz sobre o silêncio.

Silêncio (subs. masculino): estado de quem se cala ou se abstém de falar; privação, voluntária ou não, de falar, de publicar, de escrever, de pronunciar qualquer palavra ou som, de manifestar os próprios pensamentos etc.

Ao avaliarmos essa definição, corremos o risco de achar que o silêncio em si não é algo bom, que, numa cultura onde eu ‘tenho direito de falar’, ele acaba sendo, de certa forma, um prejuízo para minha saúde mental, afinal, eu preciso e tenho o direito de me expressar.

Mas aqui estamos falando de um silêncio virtuoso, um silêncio sobrenatural. É a escolha livre pelo silêncio, pois ele tem um objetivo bem definido: fazer viver a vida interior.

Os santos nos ensinam que progredimos muito em nossa vida interior quando escolhemos guardar o silêncio. Santo Afonso Maria de Ligório afirma que “Deus não habita em almas agitadas”. Ora, o oposto da agitação é a calmaria, um dos sinônimos do silêncio.

Guardar o silêncio como a Virgem Maria é possuir a sabedoria de entender que “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus” (cf Rm 8,28). A Palavra de Deus nos dá esse testemunho sobre Nossa Senhora, diante de tantas realidades que Ela não entendia, Ela fez a escolha: “Maria guardava todas as coisas em seu coração”. (cf Lc 2, 19)

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O silêncio vivido como virtude não nos anula como pessoas, não aniquila as emoções nem a nossa inteligência, ao contrário, permite que as nossas emoções sejam ordenadas e a que a nossa inteligência abra espaço para a Sabedoria de Deus que tem, certamente, as melhores ‘respostas e soluções’ para as nossas lutas diárias.

Silêncio ativo

É um silêncio ativo que me lança na oração, que me faz recorrer à única voz necessária para se ouvir quando estamos agitados: a de Deus! Ele apura o nosso discernimento espiritual, pois vamos reconhecendo onde é Deus quem fala, quando é nossa vontade desordenada ou até mesmo quando a voz do nosso interior é tentação do inimigo.

O silêncio diante de uma injustiça abre espaço para a justiça de Deus, que é mais perfeita que a nossa. O silêncio diante de uma palavra áspera, dura, que poderia gerar um conflito, uma discussão desmedida em casa, no casamento, nos dá a capacidade de deixar as emoções acalmarem e enxergarmos a realidade como ela é e fazer o juízo mais claro da situação, porque soubemos, por sabedoria, silenciar.

O silêncio guarda a nossa alma de cair em pecado, de nos machucarmos e ferir alguém. O mandamento do Senhor é o amor, e o amor não faz nenhum mal ao próximo, nem mesmo por meio das palavras.

A Palavra de Deus, na carta de São Tiago, vai dizer: “Se alguém não tropeça no falar, esse homem é perfeito e capaz de refrear também seu corpo inteiro.” (cf Tg 3.2); vemos aí mais um “chamado de Deus” para tomar cuidado com as palavras.

Haveriam muitos outros pontos a serem abordados sobre o silêncio e a virtude que ele é, mas olhando para a Virgem Maria, a sua discrição e o seu silêncio, vemos que, por essas virtudes, Ela revelou ao mundo a grandeza de Deus e a sabedoria de um coração que possuía poucas palavras, mas acertadas, pois as palavras ditas por Maria, que as escrituras nos revela, mostra que são palavras inspiradas, certeiras e fecundas.

Quem dera possamos também escolher pelo silêncio como um caminho de vida interior, que nos mantenha no essencial e nos faz homens e mulheres guiados pelo Espírito, para que, em tudo que fizermos e falarmos, tenhamos a marca de céu, de pessoas que entenderam que, muitas vezes, é preciso guardar a fé do que ter razão, certos de que o nosso silêncio fecundo, aqui, faz barulho no Céu, e Deus que é quem nos ouve, no seu tempo, agirá!

Se você, por natureza ,fala muito, e se perde em suas palavras, aproveite o fim do ano e, como meta para o ano que se aproxima, queira ‘conquistar’ essa virtude para dar passos concretos em sua busca pela santidade.

Se você já é reservado por essência, peça ao Senhor a graça de mudar o que é seu, para transformar-se no que é de Deus, de uma pessoa fechada (por tantos motivos) para uma pessoa que se abre interiormente para ouvir a Deus, transformado o fechamento em silêncio virtuoso.

Medite sobre isso, e peça o auxílio da Virgem e da graça de Deus, para que te revelem a melhor maneira de possuir essa virtude tão necessária para quem deseja o Céu!

Deus abençoe a sua busca!

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