A liturgia do dia apresenta o milagre de Jesus nas Bodas de Caná
Is 62,1-5; Sl 95; I Cor 12,4-11; Jo 2,1-11
O Senhor criou todas as coisas e eram boas, criou o homem e viu que era muito bom. Com o tempo o homem que procurou seguir os mandamentos de Deus aos poucos se organizava para bem viver e bem servir ao Deus único.
Foto: Gustavo Borges/cancaonova.com
Na leitura de Isaías, o profeta, dizia que Jerusalém iria receber um nome novo, uma coroa, um turbante real, que a cidade não seria mais abandonada, nem deserta, mas habitada, nela estaria o prazer e a alegria do Senhor e comparava ainda tal alegria como a de um noivo na expectativa da noiva.
A Igreja oferece a salvação
Jerusalém, a Igreja e Maria são sinônimos na teologia católica. Foi em Jerusalém que o Senhor entregou o Seu Filho para salvar a humanidade foi à virgem Maria que gestou e apresentou o Salvador, foi e é a Igreja que continua a oferecer a Salvação através dos dons e graças que o Pai lhe confiou.
Na leitura da 1ª carta de São Paulo aos Coríntios, o ensinamento apresentado diz dos dons do Espírito Santo, são diversos dons mas um só Espírito, há uma diversidade de ministérios e atividades mas um único Senhor e algo muito importante “A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum” (12,7). Jesus é o Homem dos dons, sua vida e seu ministério carismático revelou o Pai, seus dons curavam e curam, suas palavras ensinavam e ensinam, Ele continua sua obra em cada ser humano ainda que não perceba ou não queira. Mas atenção, os dons que Ele possuía e possui, e que exerceu nessa terra com tanta maestria eram dons para os outros e não para o benefício próprio. Assim também os dons que temos não são simplesmente nossos, os dons que recebemos só têm sentido e só são eficazes se são para os outros. Caso contrário é vaidade, é autopromoção, é exibicionismo e é pecado.
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Porque Jesus chama Maria de “Mulher”
Jesus soube bem viver os dons e com o Pai e o Espírito Santo distribuiu tais dons aos homens. No Evangelho de João, Jesus foi convidado para uma festa de casamento também sua mãe e seus discípulos estavam na festa. Jesus, o Todo-poderoso, poderia ter percebido que o vinho estava a faltar, mas quem observou isso foi sua mãe. Maria estava atenta, apesar de ser mais uma convidada, ela é sensível, ela é mãe e com humildade apresentou a situação ao Filho. O Filho aparentemente dá uma resposta ríspida “Mulher, a minha hora ainda não chegou”. O termo “Mulher” não era distratar, mas remetia à Eva, da mulher que veio o pecado, e agora de Maria vinha o pedido para que a alegria continuasse naquela festa. Maria não só estava atenta, não só pediu ao Filho, contudo ela também orientou “Fazei o que ele vos disser”.
O Homem Jesus dos dons distribuiu os dons e quis contar com Maria, quis contar com os discípulos e no Evangelho vemos que quis contar com aqueles serventes. Jesus falou aos serventes para encher as talhas de “purificação”, está aqui mais um detalhe, as talhas eram de “purificação” eram talhas para lavar as mãos, ou seja, Jesus quis se usar de algo imprestável, de algo não adequado para realizar o milagre. Primeiro Jesus contou com os serventes, depois essas talhas, ele poderia muito bem usar dos seus “poderes” para fazer o que queria, no entanto ele quis contar com os homens. Deus pode usar daquilo que é aparentemente imprestável, pode usar daquilo que é desprezível, podia e quis utilizar do elemento água para transformá-la em vinho. Transformar a água em vinho significa transformar as realidades ruins em boas, Ele é capaz disso e o fez.
Por fim que neste dia e nesta semana que nós possamos deixar Deus trabalhar em nosso coração, que ele transforme todas as realidades de pecado em santidade, a tristeza em alegria, as trevas em luz, as enfermidades em saúde, o egoísmo em partilha, o luto em vida, o ódio em amor. E que o Senhor Jesus ao converter o nosso coração também nos faça seus instrumentos, sejamos dóceis ao Espírito Santo, por mais que tenhamos pecados e falhas, por mais que tendências más queiram sobressair-se confiemos na graça de Deus. No Evangelho Maria apenas pediu com confiança e saiu de cena, vamos confiar que Ele nos ama, confiar que Ele nos ouve, confiar e nos colocar a disposição d’Ele. Deus fez milagres pelas mãos daqueles serventes, Deus fez milagres através da vida de tantos santos. Quem foram os santos? Gente como a gente, não nasceram santos, não acertaram sempre, mas foram instrumentos dóceis que se confiaram ao Senhor.
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Padre Márcio Prado – vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias