A vida de São João Bosco é um presente para a Igreja. Pai e Mestre da juventude, ainda hoje a sua obra e seus filhos espirituais continuam a ganhar o coração dos jovens por meio do amor. Modelo de homem voltado para o céu, São João Bosco escreveu a obra “Memórias do Oratório de São Francisco de Sales”, em 1873. Um rico tesouro espiritual a pedido do Papa Pio IX anos anteriores. Portanto, este artigo traz um pequeno resumo dessa obra, para que, conhecendo mais a vida e a obra do santo, possamos crescer na caminhada cristã.
A narrativa da obra “Memórias do Oratório de São Francisco de Sales” situa-se entre a autobiografia e a história da Congregação Salesiana, podendo ser dividida praticamente em três décadas: 1825-1835, 1835-1845 e 1845 a 1855.
Na primeira década, São João Bosco narra a sua infância. Sua vida humilde é uma trama de sonhos maravilhosos, que não se compreende sem a assistência divina direta. Basta recordar que no Antigo e no Novo Testamentos, como na vida de muitos santos, Deus serviu-se dos sonhos para se comunicar. Aqui temos o sonho clássico de Dom Bosco, que tenta silenciar as blasfêmias dos jovens. Ele é orientado que não é com pancadas, mas com mansidão e caridade que ganharia os jovens.
Interessante também é a sua primeira comunhão. Sempre orientado pela mãe, ele recorda de dizer tudo na confissão, comungar frequentemente, obedecer à doutrina e aos sermões e fugir dos que têm más conversas. Percebe-se assim o papel fundamental da religião. Mais tarde, indeciso quanto a sua vocação, recorre aos benefícios do recolhimento e das práticas de piedade, notoriamente mariana.
Na segunda década, entra no seminário e não vê a hora de ser padre para ser diferente dos seus superiores, ou seja, para estar no meio dos jovens, assisti-los e ajudá-los no que fosse preciso. João Bosco, no seu progresso espiritual, percebeu as situações que o faziam pecar e sentiu que deveria se entregar a uma vida de recolhimento e comunhão frequente. Aliás, ele atribui à Comunhão o alimento mais eficaz da sua vocação e não esquecia dos seus colegas, que eram modelos de virtudes.
Na sua ordenação recorda e louva a Providência, que “tirou da terra um pobre menino para colocá-lo entre os príncipes do seu povo”. Seu ofício predileto era ensinar o Catecismo aos meninos e preparava seus sermões visando a maior glória de Deus. Destaca-se também seu diretor espiritual, Padre Cafasso, que conduziu Dom Bosco para Deus e o levou a visitar uma prisão. Neste lugar, João Bosco sente que deveria conduzir também os jovens presos para Deus.
No dia solene da Imaculada Conceição de Maria (08 de dezembro de 1841), Dom Bosco começa o Oratório, sendo uma resposta ao apelo de toda a juventude necessitada e abandonada. Mesmo com dificuldades e perseguição, Dom Bosco prosseguiu com o Oratório e um sonho profético foi tornando-se realidade: animais selvagens foram tornando-se cordeiros e esses foram se tornando pastores. Ou seja, os jovens foram sendo conquistados por Deus e se tornaram protetores uns dos outros.
Na terceira década, Dom Bosco tem a ordem, a disciplina e a tranquilidade no Oratório. Após se recuperar de sua saúde bastante precária, estabelece-se em Valdocco, futura casa Mãe em Turim. Ao descrever um regulamento para o Oratório, ele exigia dos meninos um bom procedimento na Igreja e fora dela, além de evitar más conversas e frequentar os sacramentos.
Dom Bosco começa as primeiras escolas profissionais e lança as Leituras Católicas, sua primeira revista popular. Ameaças verbais, tentativa de envenenamento e espancamento fizeram parte da história do santo, mas sempre a Providência de Deus prevaleceu na vida de Dom Bosco. Sua vida foi totalmente consagrada ao bem da juventude: “Meus filhos, quando lerdes estas memórias depois de minha morte, lembrai-vos que tivestes um pai afeiçoado, que antes de abandonar o mundo deixou estas memórias como penhor de seu carinho paterno”.
Que o Dom Bosco interceda por nós, para que sejamos verdadeiros testemunhos de uma vida entregue a Deus e até nosso último suspiro seja para os que mais precisam de nossa ajuda.
Ricardo Cordeiro
Seminarista da Comunidade Canção Nova
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