“Não se faça violência em nome de Deus”
O conceito mais belo que encontramos de Deus na Sagrada Escritura é dado por São João: “Deus é amor” (1 João 4,8). A máxima do próprio Cristo Jesus é “amar a Deus acima de tudo, e amar o próximo como a nós mesmos.” No Sermão da Montanha, recomendou “amar os inimigos”, orar pelos que nos perseguem e amaldiçoam; e morreu cumprindo isso.
A ação mais lastimável que pode existir entre os homens é a “rivalidade em nome de Deus”, pois Deus é Pai de todos, e o Seu Reino é um reino de paz, amor, justiça, verdade, liberdade e santidade, tudo que revela “não – violência”.
O peregrino da Paz, Papa Francisco, tem andado corajosamente pelo mundo, clamando humildemente que “não se faça violência em nome de Deus”. Mas, infelizmente, o mundo das trevas ainda domina o coração de muitos. O triste atentado terrorista na França, em 2015, praticado friamente, calculado e premeditado, feriu a humanidade sobretudo naquele dom que é o mais excelente que recebemos de Deus, e que nos faz a Sua imagem sobretudo, a liberdade! A liberdade religiosa. Esta significa em primeiro ligar o respeito pela pessoa humana.
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Deus quer ser amado e adorado por todos os homens, mas não quer que isso se faça sem a liberdade da pessoa. A infundada justificativa dos terroristas de Paris foi que o Semanário Charlie Hebdo teria zombado de Maomé. De fato isso não deveria ter sido feito, mas jamais justificaria a morte fria de doze pessoas. Nada justifica eliminar vidas humanas friamente.
Liberdade de consciência
É relevante o fato da imprensa árabe ter condenado o atentado de Paris. Sem dúvida é do meio muçulmano que deve partir essa reação, de modo a coibir os extremistas a agir desta forma. Como se pronunciou o jornal tunisiano Àssabah, que “o terrorismo destrói a liberdade de expressão e esfaqueia o Islã.”
A violência golpeia a liberdade de consciência, de expressão e religiosa, elemento fundamental da sociedade. Outra constatação alarmante é que milhares de cristãos têm sido mortos friamente pelos jihadistas radicais do Estado Islâmico. A organização Open Doors (Portas Abertas), advertiu que apesar da perseguição contra os cristãos ter alcançado níveis históricos em 2014, “o pior ainda está por vir”. Cerca de 100 milhões de cristãos são perseguidos em todo o mundo, o grupo religioso mais perseguido.
A imprensa não pode zombar de valores humanos e religiosos em nome da liberdade de expressão e de consciência, mas esta também não pode ser amordaçada pela força das armas e da morte. A intolerância religiosa fere a dignidade humana.
Felipe Aquino
Autor de mais de 70 livros e apresentador dos programas “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na TV Canção Nova, e “No Coração da Igreja”, na Rádio Canção Nova