DISCERNIMENTO

Como você se prepara para a casa do Pai?

Pense na seguinte situação: você recebeu um convite para uma festa de aniversário ou para uma festa de casamento, ou até mesmo para uma formatura. Qual é seu primeiro pensamento? Talvez seja: em qual data ocorrerá? Como estará o clima? Frio ou calor? Qual roupa este momento pede? Levarei um presente? Quem vai comigo? Quem estará na festa? 

Estes são pensamentos bem comuns  e refletem qual nossa postura e preocupação carinhosa com um evento importante para o qual fomos convidados. E é normal que, convidados por amigos e pessoas importantes para nós, possamos pensar na melhor forma possível de nos apresentarmos. 

“Qual roupa este momento pede?” | Fot ilustrativa: cancaonova.com

Se vou a um churrasco, posso ter uma roupa mais confortável; se vou à festa de formatura, terei que pensar num vestido ou num terno. Esses e outros exemplos refletem nosso zelo com o outro e para com o ambiente que iremos frequentar. 

Por que eu estou contando tantas histórias assim? Por um motivo importantíssimo: para nos lembrar de como temos nos dedicado a uma festa ainda maior: a Santa Missa

Lembro-me de costumes da minha casa: eu não tinha muitas roupas nem muitas posses na infância, mas minha mãe separava duas ou três “roupinhas de missa”, com ela dizia. Eram roupas bem cuidadas, bonitas. Lembro que meu pai foi a uma loja e fez questão de comprar uma camisa branca com pequenos desenhos em ponto cruz, uma saia, um vestidinho, uma sandália e um sapatinho, mesmo sem poder fazer aquelas compras. Essas memórias de criança são muito vivas em mim: lembro que eram roupas especiais, e que só eram usadas para aquela Festa especial: a Santa Missa aos domingos. Claro que o mais importante é estar na casa de Deus, portanto, digo apenas do zelo com que nos cuidávamos para ir à missa. Sem chinelos, com o cabelo arrumado, enfim, preparada para o banquete do Cordeiro. 

Um fato que sempre observo, e creio que você já tenha percebido, é que, muitas vezes, tem sido perdido o zelo com nossas vestes e costumes ao irmos à Santa Missa ou mesmo para visitarmos um local santo. Já adulta e há pouco tempo, em 2018, tive a graça de conhecer o Santuário de Fátima em Portugal, e também o Vaticano, em Roma. Especialmente em Fátima, chamou-me a atenção a reserva, o bom hábito das roupas discretas e também o portar-se com silêncio em todo o recinto do Santuário

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Em Fátima, existe uma placa descrita em vários idiomas que diz: “Fátima é um lugar de adoração: entre como peregrino”, e, ao redor dela, vários desenhos que indicam não brincar ou jogar bola no recinto externo, não ouvir música alta ou tocar instrumentos, fazer aglomerações e falar em voz alta, fazer piqueniques, andar de bicicleta, não usar roupas curtas ou pouco adequadas ao lugar, não circular com animais de estimação. Ou seja, todas as regras que indicam que aquele lugar é santo, merece respeito e condutas próprias, ou seja, indica a necessidade de adequação para uma visita ali. 

Mas isso ocorre apenas nas igrejas? Não, nos museus também: alguns, por exemplo, como em Assis, Itália, impedem que tiremos fotos; e se tentarmos, somos advertidos.

Em Assis, vi um grupo de jovens, no exterior da Basílica de São Francisco, fazendo um grande barulho. A guarda local prontamente os advertiu: “Silenzio!” (“silêncio” em português). Logo mais, insistiram no barulho. Novamente, e de perto, foram advertidos. É a regra do local, é o costume, e é nele que podemos focar. 

As situações que fui mostrando para você neste texto, desde festas e eventos sociais até nossa ida às igrejas, aos santuários e às basílicas têm em si algo comum: a valorização de cada situação e nossa forma de nos portarmos e respeitarmos os ambientes. Claro que não precisamos de uma roupa elegante ou cara, mas nossa postura precisa estar condizente com aquele lugar, pois isso diz respeito ao valor que damos a ele. Longe de um rigorismo ou de exageros, falamos de algo bem simples e possível de ser feito: dar o respeito a um lugar sagrado, dar importância aos rituais e àquilo que diz do Sagrado. É chegar a tempo e cumprir os horários dos nossos compromissos sociais e com Deus. Tudo muito simples, mas muito necessário para uma verdadeira valorização de nossa tradição e o respeito que cabe não apenas aos compromissos sociais, mas aos espirituais. 

Elaine Ribeiro
Psicóloga Clínica pela USP – Universidade de São Paulo, atuando nas cidade de São Paulo e Cachoeira Paulista. Neuropsicóloga e Psicóloga Organizacional e colaboradora da Comunidade Canção Nova.
Site: www.elaineribeiropsicologia.com.br
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