O SOBRENATURAL NO ORDINÁRIO

A Igreja volta a celebrar o maior tempo do ano litúrgico: o tempo comum

COMO VIVER O COMUM DE CADA DIA?

Terminadas as sete semanas pascais, a Igreja volta a celebrar o maior tempo dentro do ano litúrgico: o tempo comum. São 33 ou 34 semanas, separadas pela Quaresma e pelos 50 dias da Páscoa, encerrada com a Solenidade de Pentecostes. Mas o que é esse tal tempo comum? O que tem o comum de especial para que a Igreja lhe reserve tanto espaço em seu calendário litúrgico?

Talvez o primeiro passo a ser dado seja encontrar o sentido de viver bem este período, questionando o que há de bom naquilo que é comum. Damos bastante atenção aos grandes momentos, às datas especiais, aos dias especiais. Não há nada de errado nisso. A própria Igreja favorece essa atitude com os tempos fortes na liturgia: Advento, Natal, Quaresma e Páscoa. 

O problema é quando não damos a devida importância às coisas do ordinário da vida, do dia a dia. Infelizmente, temos a tendência de não valorizar aquilo que é cotidiano. Com isso, corre-se o risco de, ao ouvir a expressão “tempo comum”, acontecer a associação de algo que não é especial, “nada demais”. Mas em Deus, nos assuntos sagrados, não é bem assim: por sua essência, o comum de Deus é sobrenatural.

Quando a Igreja nos oferece um tempo comum, ela nos propõe viver sob a poderosa ação de Deus, a graça de viver aquilo que deveria ser comum a todo e qualquer cristão: a santificação das realidades cotidianas da vida, em suas mais diversas instâncias: trabalho, estudo, relacionamentos.

De forma específica, durante essas semanas, as narrativas do Evangelho trazem os milagres, as curas, os ensinamentos da vida pública de Jesus, o anúncio do Reino de Deus que chega ao comum da vida de cada ser humano. Essas narrativas nos apontam vias com as quais Deus fala ao nosso coração para caminharmos no exercício das virtudes morais e espirituais da vida cristã, dia após dia.

Também são festejadas as memórias de inúmeros santos e solenidades da Virgem Maria, do Nosso Senhor e da Santíssima Trindade, que celebramos hoje. Ou seja, no tempo comum também se celebra a santidade de Deus, revelada em Jesus, que também nos convida a santificar as realidades da nossa vida através do acolhimento da Sua Palavra e de Sua graça. Ser santo em cada proceder deveria ser o comum de nossa existência.

Tudo isso, regado com o orvalho da esperança cristã, que nos faz caminhar sempre em frente, rumo à plenitude da vontade de Deus em nossas vidas. Não à toa, a cor litúrgica predominante é a verde, alusão a essa virtude teologal.

A cor litúrgica predominante é a verde, alusão a essa virtude teologal / Foto: Wesley Almeida

Mas como seguir os passos de santificação e ter esperança em dias tão difíceis como os nossos? Ou quando a gente esbarra com os fracassos dos propósitos manchados pelo erro? Apenas com intimidade com Aquele que nos santifica, salva e perdoa nossas falhas! 

Corra pra Ele sem medo! Coragem e mãos à obra! Façamos do tempo comum o tempo da graça de Deus! Tenha vivo em você a esperança de que, na intimidade com a Trindade e com o auxílio do céu, será comum viver a santidade e perceber o agir sobrenatural da graça divina em cada instante de nossas vidas, até chegar o dia que Deus será tudo em nós, e nós todos d’Ele.

George Lima
Seminarista Comunidade Canção Nova

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