O Carnaval é um tempo que para muitos se transformou em liberação dos baixos instintos, busca frenética do prazer
O Carnaval tem sua origem remota nas festas pagãs do tempo do Império Romano. Era a festa da “carne” (carne-vale). Quando Roma foi cristianizada, a Igreja passou a celebrar a Quaresma após esses dias da festa da carne.
Certamente, não é uma boa alternativa para buscar alegria e relaxamento, quando se pode correr o risco de uma contaminação. Neste tempo de muitos sofrimentos e mortes, o melhor é aproveitar o feriado de Carnaval para um descanso mais prudente e restaurador. Nada melhor do que um bom retiro no campo ou mesmo um retiro espiritual, já em preparação para a Quaresma.
O Carnaval traz a busca frenética pelo prazer e pela alegria, mas que alegria é essa?
A Bíblia afirma que “a alegria do coração é a vida do homem, é um inesgotável tesouro de santidade. A alegria do homem torna mais longa a vida dele” (Eclo 30,22-26). São Francisco de Sales dizia que “um cristão triste é um triste cristão”. Qual é a verdadeira alegria?
A alegria verdadeira brota de um coração puro, que ama a Deus e ao próximo, tem a consciência tranquila e sabe que está nas mãos do Senhor. A verdadeira alegria está numa alma livre de vícios e pecados, e que “faz o bem sem olhar a quem”.
O mundo confunde alegria com prazer, quando, na verdade, não são a mesma coisa. Prazer é a satisfação do corpo; alegria é a satisfação da alma. Há prazeres justos e lícitos, como o sabor que Deus colocou nos alimentos, o prazer do ato sexual do casal unido pelo matrimônio. Mas há também prazeres injustos, por isso, pecaminosos, quando se busca a satisfação do corpo apenas como um fim: a bebida, o sexo fora ou antes do matrimônio, as drogas, as aventuras que põem a vida em risco etc. Isso não é alegria, é libertinagem.
O Carnaval é um tempo que para muitos se transformou em liberação dos baixos instintos, busca frenética do prazer. Mas o prazer ilícito, quando passa, deixa gosto de morte. A distorção da alegria nessa festa pode se transformar em sofrimento para a própria pessoa e para os outros, porque sabemos que “o salário do pecado é a morte” (Rm 6,23). Não pense que você pode ser feliz no pecado, porque isso é uma ilusão.
A tentação nos oferece o pecado, assim como uma maçã envenenada, mas caramelada. O mesmo acontece com quem se entrega, no Carnaval, aos prazeres da carne: o sexo a qualquer custo, o uso das drogas, o abuso da bebida e os gestos de violência. O que tudo isso gera depois? Sabor de morte. Depois que rapidamente tudo isso passa, vem o vazio, a tristeza e as consequências.
O Carnaval não pode ser uma fuga da realidade, mesmo que ela seja muito dura, porque a vida logo volta à realidade. No pecado, encontramos o caminho da morte; na virtude, encontramos o caminho da paz. São Paulo dizia: “Não erreis, de Deus não se zomba; porque tudo o que o homem semear, isso também colherá. O que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gl 6,8).
Quem faz do período carnavalesco uma oportunidade de extravasar os baixos instintos, colherá, sem dúvida, a tristeza depois. Quem dele se aproveitar para fazer o bem, colherá a verdadeira alegria. Santo Agostinho afirmava: “A sua tristeza são os seus pecados; deixe que a santidade seja sua alegria”.
Os pecados entram pelas janelas da alma, que são os sentidos. Então, feche seus olhos, sua boca e suas mãos se você sabe que, por meio deles, pode chegar ao pecado.
Leia também:
:: O mistério da dor e da esperança de Maria
:: Dai-nos, Espírito Santo, o dom da unidade
:: Você sabia que no Céu há um lugar todo teu?
Os dias de carnaval oferecem oportunidades para pecar, tanto nas ruas como na televisão, na internet e nos clubes. Mas não é nisso que reside a verdadeira alegria, esta pode ser encontrada no convívio saudável do lar com os filhos, na igreja, na leitura de bons livros e da Palavra de Deus, num tempo mais dedicado à oração, no ouvir uma boa pregação, num gesto de caridade a uma pessoa que precisa de você.
Faça dos dias de Carnaval um tempo útil para crescer espiritualmente e humanamente, sem precisar colocar sua saúde física e espiritual em risco.
Felipe Aquino
Autor de mais de 70 livros e apresentador dos programas “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na TV Canção Nova, e “No Coração da Igreja”, na Rádio Canção Nova.