Diácono Thiago: "Colocar toda a minha alma em uma entrega total a Deus"

Na série “Novos Padres para a Igreja” de hoje, vamos conhecer o diácono Thiago Pereira

Na nossa viagem pelas vocações dos diáconos que serão ordenados na Festa do Pai das Misericórdias, encontramos um paranaense cheio de vitalidade e disponibilidade ao serviço de Deus. Thiago é daqueles que têm o desejo de responder sempre sim ao que Deus lhe pede. E foi esse desejo que o conduziu pelo caminho da vocação sacerdotal, mesmo quando não entendia bem o que Deus lhe indicava.

Diácono Thiago sendo acompanhado pelos pais – ordenação diaconal. Fotos: cancaonova.com

Ao recordar os primeiros sinais deste chamado, Thiago disse que estava, um dia, na sua paróquia, e uma pessoa o chamou e disse que, enquanto rezava de olhos fechados, vinha em sua mente a imagem dele com túnica branca no altar. “Ele me perguntou se eu já tinha pensado em ser padre. Naquele momento, respondi que não, pois estava discernindo sobre a vocação ao carisma Canção Nova. Mas guardei aquela imagem no meu coração. E essa pessoa é, hoje, um padre, e vai ser ele quem vai me paramentar no dia da minha ordenação.”

Já dentro da Comunidade Canção Nova, no primeiro ano de formação inicial, Thiago disse que começou a se sentir incomodado a rezar e refletir sobre seu estado de vida. E recordou que, em um momento de oração, sentiu-se questionado por Deus se aceitaria ser celibatário. Partilhou sobre isso com o formador e colocou-se aberto, mesmo sem entender por que nunca tinha pensado nisso. Mas, alguns dias depois, durante uma adoração, uma palavra de Deus foi determinante: “Eu li a passagem bíblica de Hebreus que dizia: ‘Te separei e te escolhi do meio do povo para cuidar do povo, e fazer de ti um sacerdote’. Mas eu não acreditei, achei que era algo da minha cabeça. Fiquei na capela depois e tentei esquecer aquela palavra, mas novamente Deus colocou, em meu coração, um trecho de Hebreus, o qual dizia que, depois de muitos anos, Deus estabeleceu um novo dia: ‘E se ouvirdes a voz de Deus, não endureçais os vossos corações’. E aí eu acolhi essas duas palavras e decidi caminhar com essas respostas”.

Thiago seguiu dando os passos neste discernimento, e, no discipulado, partilhou com o formador. Disse que, ao falar estava todo empolgado, cheio de vontade de ir a fundo nesta vocação, o formador pediu um pouco de paciência, especialmente para voltar na história, procurar os sinais deste chamado e escrever tudo isso para partilhar novamente. “Foi um banho de água fria, mas depois entendi que eu precisava desse tempo”. Ele nos contou que rapidamente escreveu tudo, mas sentiu Deus o conduzindo a guardar aquela história e só procurar o padre para partilhar quando Deus o indicasse novamente.

Ordenação diaconal – Santuário do Pai das Misericórdias. Fotos: cancaonova.com

Foram dois meses de espera, até que, em um dia que havia uma adoração solene na casa de formação, Thiago fez uma oração de entrega e abandono total a Deus. Entregou até mesmo sua necessidade de sinais para continuar no caminho. “Eu sempre quis caminhar com garantias. No vocacional, alguém me chamou para iniciar este processo; depois, para entrar na Canção Nova, também tinha ficado bem claro. Mas eu vi que eu precisava dar passos na fé, até mesmo sem certezas”. E foi neste dia, a partir desta entrega, que Thiago se sentiu visitado por Deus ao ser convidado para servir no altar, e decidiu entregar a sua história vocacional para o padre e continuar assim este caminho de discernimento.

Deste tempo, Thiago afirma recordar sempre como Deus o conduziu a sair dos próprios planos, que eram seguros, para se lançar na vontade d’Ele, que requer sempre correr riscos. “Eu, com 18 anos, já tinha tudo planejado na minha cabeça. Queria fazer faculdade, namorar, e assim que terminasse os estudos, me casar.

Queria fazer um concurso público para ter estabilidade financeira e ter uma família com quatro filhos. Mas eu me abri aos sonhos de Deus, e tudo mudou”.

Desafio: os estudos

Nesta mudança de planos, Thiago nos disse que várias coisas eram novas, mas a que mais o assustava era justamente voltar a estudar depois de muitos anos. “Eu precisava sair do que para mim era confortável e me lançar em algo desafiador, até mesmo incerto, porque eu não sabia se eu conseguiria concluir as duas faculdades, e ser assim ordenado. Este era o meu maior medo”.

Medo que, aos poucos, foi sendo superado pela confiança em Deus, e também no esforço diário, na dedicação aos estudos, mas que não diminuiu o desafio. “Posso dizer que, até o último dia de faculdade, eu vivi estas tensões. E eu sempre pensava que se não conseguisse concluir a teologia, eu ficaria no limbo, ou seja, não poderia ser ordenado. Mas eu me decidi, esforcei-me, porque eu sabia que tinha um chamado. E eu entreguei meu trabalho de conclusão de curso no último instante, e apresentei para a banca avaliadora três dias antes de minha ordenação diaconal. Vi, mais uma vez, que vivo assim, neste abandono em Deus, muitas vezes sem entender, mas certo de que Ele me conduz. Entendi que a vontade de Deus é sempre melhor, que ela dá frutos, e que todos os medos são vencidos pela Graça d’Ele.”