Conheci o padre Jonas Abib no ano de 1975, num Encontro de Jovens chamado Maranathá, que tinha uma programação que até hoje é seguida nos Acampamentos da Canção Nova e na maioria dos retiros pelo país afora. Para entendermos como tudo começou, é bom checar a história e relembrar o que motivou o padre Jonas.
Padre Jonas iniciou seu trabalho com os jovens na diocese de Lorena (SP), após ter vivenciado a efusão do Espírito Santo, que completou 50 anos no dia 2 de novembro de 2021.
A partir dos encontros para jovens realizados no Colégio Salesiano São Joaquim, ele intensificou esses retiros espirituais na região e pelo Brasil, diversificando os nomes e as propostas de cada encontro, como Maranathá, Experiência de Oração, Aprofundamento, e o próprio “profético” Catecumenato, que foi um pedido do então bispo de Lorena (SP), Dom Antônio Affonso de Miranda.
Muitos encontros ocorreram na Fazenda Morada do Sol, em Areias (SP), que comportava no máximo 70 pessoas! Padre Jonas sempre foi sensível à voz de Deus, aos seus sinais. E quando percebeu a dificuldade de acesso à fazenda em Areias (carros atolavam na estrada, dificuldade extrema de acesso), entendeu que era hora de sair dali e começar um novo ciclo. E então começou a construção da Casa de Maria, em Queluz (SP), a maior Casa de Retiros na Diocese.
E foi nesse local que, em novembro de 1977, na Festa de Cristo Rei, padre Jonas lançou o desafio: “Quem quer dar um ano da sua vida para Deus?” E foi a resposta afirmativa de 12 participantes que resultou no começo da Comunidade Canção Nova, em 1978.
As consequências desse desafio vieram nos anos seguintes. Em 1980, a Rádio é adquirida em Cachoeira Paulista (SP), e começa o encontro chamado Rebanhão, nos dias de carnaval, que pude participar desde o início. Lembro bem que perguntei ao padre Jonas, no primeiro Rebanhão, o porquê dele ter escolhido este nome. Ele respondeu: escolhi “Rebanhão” porque virá muita gente!
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E realmente, a cada ano, vieram mais e mais pessoas, milhares. O Rebanhão inventado pelo padre Jonas foi um impacto que deixou, principalmente, os jovens maravilhados. Depois, foram mais de 120 mil pessoas nos Cenáculos realizados nos estádios.
Outra característica importante na época é que os Retiros organizados nas dioceses eram Retiros de Silêncio, com pouca gente, que ainda costumam acontecer até hoje. Mas o padre Jonas teve uma ideia inédita, “chocante para época”: pediu para montar uma banda com teclado, bateria, baixo, guitarras, violões, instrumentos de sopro, percussão, tudo para animar os encontros, inclusive as missas!
É bom ressaltar que ninguém tinha feito isso ainda, foi um verdadeiro estrondo. Em pouco tempo os encontros começaram a lotar as quadras poliesportivas; houve mais adesão aos seminários e matrimônios cristãos, enfim uma eficácia sobrenatural na evangelização que atingiu muita gente!
Padre Jonas, como sempre, um homem além do seu tempo, um profeta, intuiu, inspirado na Evangelii Nuntiandi, que “devia sim falar às multidões, mas ao mesmo tempo em cada coração, utilizando uma linguagem pessoal, como se aquela pessoa fosse a única naquele lugar”.
Ele conseguiu provar a despeito dos que criticavam esses “encontros de massa”, que eles funcionavam muito bem e eram muito eficazes na adesão e no compromisso com a Igreja! Encontro cristão com multidões em pleno carnaval? Padre Jonas foi o pioneiro!
Diácono Nelsinho Corrêa
Membro da comunidade Canção Nova